O jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman, lança na próxima quarta-feira (20/12) o seu livro Contra o Sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista em Porto Alegre, no Clube de Cultura, um espaço escolhido pelo seu teor simbólico e histórico, já que foi idealizado em 1950 por um grupo de judeus progressistas.
A obra nasce no contexto dessa nova agressão promovida pelo governo de Benjamin Netanyahu, apontando as diferenças entre judaísmo e sionismo, demonstrando como o sionismo se transformou em uma ideologia racista, colonial e teocrática e colocando como o resultado de anos de conflito foi a construção de um regime de apartheid que oprime o povo palestino de diversas formas.
Herdeiro de uma tradição judaica, comunista e antissionista, a obra assinada por Altman contabilizou, em um mês, mais de 50 horas de participação em lives para canais da mídia independente, bem como em análises e entrevistas para os programas que apresenta no canal de Opera Mundi no Youtube: 20 MINUTOS e OUTUBRO.
Por conta da relevância do tema e do jornalista, essas intervenções foram degravadas e tiveram os textos preparados para a edição em livro.
Além do lançamento no Clube de Cultura, o evento terá uma mesa de debate mediada por Cesar Dorfman, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, com a participação da deputada estadual gaúcha Luciana Genro, fundadora e dirigente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), e da também deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio Grande do Sul, Laura Sito.
A proposta de lançar o livro no Clube de Cultura é devido ao significado do espaço, que, desde sua fundação, é “reconhecidamente de reflexão política e de defesa de valores humanistas”.
Clube de Cultura: espaço de resistência
A Opera Mundi, Carolina Baumann, que é gestora cultural do Clube, disse que o espaço tem em sua história uma promoção de acolher “momentos de discussão política e social”, afirmando que esse é o “papel” do lugar.
“A situação dramática na Faixa de Gaza exige uma reflexão profunda sobre as liberdades, os direitos humanos e a autodeterminação dos povos. Esse evento é uma importante colaboração na discussão do tema e ficamos felizes em colaborar e promover esta atividade”, declarou ela.
O Clube de Cultura surgiu em 1950, sendo pensado e fundado por um grupo de jovens judeus de esquerda que “buscavam espaço para se reunir, discutir política e realizar atividades culturais”.
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Maio de 1950 é a data que marca a reunião de cerca de 30 jovens judeus, composto por intelectuais progressistas, que pensavam um lugar que pudesse os acolher e transformar este espaço num recanto onde a “arte e a cultura, além do que eles chamavam de ‘progressismo’, pudessem ser acolhidos e desenvolvidos”.
Até então, este mesmo grupo realizava encontros, debates e também como um lugar de estudos uma pequena biblioteca cedida por uma sinagoga em Porto Alegre. Mas, de acordo com a gestora cultural do Clube da Cultura, aos poucos, esse espaço foi sendo hostilizado e, eventualmente, acabaram sendo excluídos dali.
“Inspirados por experiências de instituições similares a esta que agora estavam criando, narradas pelos mais velhos, imigrantes, constituídas na Europa Central por descendentes de judeus, intelectuais, e que não encontravam nas sinagogas o local de sociabilidade dos Guetos, o ambiente era favorável”, afirmou Baumann a Opera Mundi.
Pensado e inaugurado por judeus progressistas, até os anos 60 era ocupado por essa comunidade. Porém, através de uma assembleia de sócios, foi decidido que o Clube de Cultura seria aberto também aos não judeus, tornando-se uma entidade “mais diversa, mas sem alterar sua essência fundadora”.
Nesse sentido, passados 73 anos da concretização do Clube de Cultura, o espaço ainda é um ponto de referência progressista, que ainda produz e promove arte e reflexão política, pontos que seguem como “diretrizes orientadoras” das ações do Clube.
“Ao longo desses anos, o Clube enfrentou os períodos ditatoriais que o país viveu com a resistência de seus militantes e com apoio da comunidade cultural e política da cidade. Nos dias atuais continuamos sendo um espaço de resistência, seja na defesa da cultura como no enfrentamento ao retorno do discurso autoritário”, disse a gestora cultural.
Com o lançamento do livro de Altman nesta quarta no Clube de Cultura, Baumann declara que esse evento é “significativo”, já que o Clube, desde sua fundação, é um “espaço reconhecidamente de reflexão política e de defesa de valores humanistas”.