O Movimento Cultura Livre, em colaboração com associações e sindicatos, lançou no último sábado (07/03) um manifesto em vídeo em repúdio ao cerceamento da cultura promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro.
Em entrevista a Opera Mundi, o coordenador do grupo Cultura Livre, Roberto Gervitz, afirmou que a ideia inicial do manifesto era fazer uma “mobilização” contra as declarações feitas pelo ex-secretário da cultura Roberto Alvim.
“A ideia era fazer uma ação em cima do discurso do Roberto Alvim. Pensamos em fazer uma declaração antitotalitária e que afirmasse as liberdades democráticas [do país]”, disse.
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No entanto, quando Alvim foi exonerado do cargo, as organizações continuaram com a mobilização por defenderem que a cultura sofre um “revanchismo” do governo, o qual, segundo Gervitz, quer um país “calado, que não tenha cara”.
Reprodução
Chico Buarque foi um dos que assinou o manifesto e participou do vídeo de divulgação
“Nosso grupo se formou para isso, para unir diversos setores da cultura para que se posicionem contra a destruição que vemos de toda área da cultura”, afirma o coordenador.
Todo o manifesto foi lido e gravado por personalidades da área, como atores e músicos. Entre eles, está o cantor e compositor Chico Buarque, a atriz Julia Lemmertz e o jornalista Juca Kfouri. O movimento não é ligado a nenhum partido político e defende uma cultura “democrática”.
“É uma mobilização que ainda pretende crescer e que está contatando novas pessoas e outros setores culturais”, disse Gervitz. O grupo está organizando uma manifestação em maio em rechaço ao governo que “demonstra uma tendência à barbárie”.
O Movimento Cultura Livre é formado por cineastas da Associação Paulista de Cineasta (APACI) e por representantes da área do teatro de São Paulo. O coordenador do grupo afirmou que todo o movimento pretende mobilizar organizações culturais de outros estados para participarem do manifesto.
Leia manifesto na íntegra:
MOVIMENTO CULTURA LIVRE
A cultura é o conjunto de formas de ser e de existir de nosso povo – nossos conhecimentos, nossos costumes e crenças.
As diversas culturas que formam a nossa nação formam o seu rosto e a sua alma.
O que produzimos na música, no teatro, no cinema, na dança, nas artes visuais, na cultura popular e em todas as demais linguagens, nos espelha e nos projeta para o mundo.
Sem a cultura não saberíamos quem somos, sequer nos identificaríamos uns com os outros.
Todo o potencial criativo, toda a engenhosidade e inventividade de um povo se materializam na cultura, na ciência e na educação.
O oxigênio da cultura é a liberdade. Uma cultura só respira e se desenvolve em democracia.
Com uma cultura tutelada não há um país.
Com uma cultura censurada não há uma nação.
Determinar o que é cultura e o que não é em nome de uma ideologia ou religião é mentir sobre quem somos.
Uniformizar a cultura é perpetuar a ignorância e deseducar o nosso povo.
Colocar uma camisa de força na cultura resulta em um país triste, prisioneiro.
O totalitarismo exclui, a cultura inclui. O totalitarismo imobiliza, a cultura liberta.
Um país só será soberano e dinâmico com uma cultura viva, diversa e livre.
Só uma cultura livre de amarras garantirá um país inclusivo e democrático.
CULTURA LIVRE JÁ !!!