O jornal sérvio Politika publicou nesta segunda-feira (05/12) uma entrevista com o cineasta norte-americano Oliver Stone, na qual ele aborda o conflito na Ucrânia, afirmando que ele foi provocado por ações deliberadas de Washington para instigar Kiev a perder seu status neutro em relação à Rússia.
O diretor e documentarista ressaltou, no começo da entrevista, que “não quero entrar na história mais ampla do que está acontecendo na Ucrânia, porque o caso não é simples e todo mundo está gritando: ‘os russos estão atacando’”.
“O que está acontecendo lá em Donbass desde 2014 e quantas pessoas foram deslocadas para lá porque os Estados Unidos estavam armando fortemente o exército ucraniano, fazendo com que a Ucrânia não fosse mais neutra, passou a ser contra os russos”.
Stone acrescentou que Washington levou Kiev a “perturbar o equilíbrio militar, e é daí vem a guerra”. Também lembrou que seu país atua de forma contraditória ao se apressar em condenar qualquer país do mundo que “cruze a linha da ordem internacional, enquanto os Estados Unidos violam essas regras quando querem”.
Gage Skidmore
O cineasta norte-americano Oliver Stone
“Eles me perguntam sobre o caso [Jamal] Khashoggi, que foi cruel, mas acho que muito pior é o caso [Julian] Assange e seu ‘assassinato’. Então, quem somos nós para apontar o dedo para alguém?”, questionou o cinesta.
Questionado sobre a atual administração norte-americana, o diretor confessa que se arrepende de ter votado em Joe Biden. “Ele se revelou muito perigoso. Agora grita ‘vamos matar os russos, agora é a nossa oportunidade’, mas confunde a Rússia com Putin, pensa que ao se livrar de Putin vai controlar a Rússia, como na época do [Boris] Yeltsin. E isso é apenas um sonho”, explica o vencedor de três oscars.
A “última esperança” para os Estados Unidos, segundo Stone, seria o “surgimento de um terceiro partido, já que tanto os republicanos quanto os democratas trabalham e funcionam da mesma forma, e investem a mesma quantidade de recursos na indústria militar”.