O filme Oppenheimer foi o grande vencedor da 96ª edição do Oscar, uma das principais premiações do cinema mundial, com a conquista de sete estatuetas.
A cerimônia realizada neste domingo (10/03), em Los Angeles, nos Estados Unidos, consagrou Openheimmer como melhor filme, direção com Christopher Nolan, montagem, fotografia, trilha sonora original, ator com Cillian Murphy e ator coadjuvante, com Robert Downey Jr.
O filme começa com os dias de estudante de Oppenheimer em Cambridge na década de 1920. Em uma montagem, vemos o protagonista em um museu olhando para Mulher sentada com braços cruzados, de Pablo Picasso, depois ouvindo Igor Stravinsky e lendo The Waste Land, de TS Eliot. O jovem Oppenheimer, interpretado por Murphy, vê-se “atormentado por visões de um universo oculto”.
Em recente entrevista ao Bulletin of the Atomic Scientists, o diretor explica sua atração pelo assunto: “você está lidando com pessoas que estavam engajadas em uma reavaliação revolucionária das leis do universo, assim como Picasso e outros artistas estavam engajados em uma reavaliação revolucionária da arte estética, da representação visual. Quero dizer, você está literalmente reescrevendo todos os aspectos das regras pelas quais vivemos, sendo a física a mais radical de todas”.
“É um momento incrível”, continua Nolan. “E então, é claro, quando você começa a pesquisar e a olhar para o drama de sua história e para onde ela foi, onde esse fervor revolucionário realmente acabou – foi aí que tantas revoluções terminaram em um lugar horrível.”
O filme é uma adaptação da biografia de Kai Bird e Martin Sherwin, American Prometheus, obra ganhadora do Prêmio Pulitzer em 2006.

A história por trás do ‘pai da bomba nuclear’
No verão de 1945, a primeira bomba atômica foi detonada com sucesso no alto deserto do Novo México. J. Robert Oppenheimer, o diretor da equipe que pesquisou e desenvolveu a bomba, observou que a detonação trouxe à sua mente uma frase de Bhagavad Gita: “agora me tornei a morte, o destruidor de mundos”.
Com mais de 80 anos de política norte-americana de armas nucleares, o ex-presidente Franklin D. Roosevelt iniciou o “Projeto Manhattan”, originalmente sob a supervisão do Departamento de Comércio, para desenvolver tecnologia de armas nucleares. Em 1942, o controle sobre o Projeto Manhattan é transferido ao Exército dos EUA.
Mais de 30 locais para testes e pesquisas nucleares, incluindo o laboratório Nacional em Los Alamos, são construídos.
Já em 1943 o general encarregado do Projeto Manhattan, Leslie R. Groves, seleciona uma região rica em plutônio no estado de Washington para ser o local das primeiras instalações nucleares norte-americanas, e 500 moradores de cidades vizinhas e reservas nativas são realocados à força para a criação da Hanford Engineer Works. O teste Trinity foi realizado pelo Exército em 16 de julho de 1945. Esta detonação, teste de uma primeira arma nuclear, foi chamada de “Gadget”, palavra em português que pode ser traduzida para aparelho ou dispositivo.
Naquele momento os norte-americanos dispunham da primeira bomba nuclear. Os Estados Unidos detonam “Little boy” sobre Hiroshima. Em dois dias, os norte-americanos lançaram 2.000 toneladas de bombas em Tóquio. Em 9 de agosto de 1945, os EUA detonaram uma bomba nuclear chamada “Fat Man” — quase uma réplica da “Gadget” testada no Novo México — sobre Nagasaki.
O filme aclamado na premiação revisitou debates sobre responsabilidade ética científica e o uso de suas realizações e descobertas. Oppenheimer, o chefe de guerra do laboratório de Los Alamos, é a figura chave destes debates.
Confira a lista completa de vencedores do Oscar 2024:
Melhor Filme: Oppenheimer
Melhor Atriz: Emma Stone, por “Pobres Criaturas”
Melhor Ator: Cillian Murphy, por “Oppenheimer”
Melhor Direção: Christopher Nolan, por “Oppenheimer”
Melhor Ator Coadjuvante: Robert Downey Jr., por “Oppenheimer”
Melhor Atriz Coadjuvante: Da’Vine Joy Randolph, por “Os Rejeitados”
Melhor Cabelo e Maquiagem: Pobres Criaturas
Melhor Design de Produção: Pobres Criaturas
Melhor Figurino: Pobres Criaturas
Melhor Animação em Curta-Metragem: War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko
Melhor Animação: O Menino e a Garça
Melhor Roteiro Original: Anatomia de uma Queda
Melhor Roteiro Adaptado: Ficção Americana
Melhor Filme Internacional: Zona de Interesse (Reino Unido)
Melhores Efeitos Visuais: Godzilla Minus One
Melhor Montagem: Oppenheimer
Melhor Documentário de Curta-Metragem: The Last Repair Shop
Melhor Documentário de Longa-Metragem: 20 Dias em Mariupol
Melhor Fotografia: Oppenheimer
Melhor Curta-Metragem em Live Action: A Incrível História de Henry Sugar
Melhor Som: Zona de Interesse
Melhor Trilha Sonora Original: Oppenheimer
Melhor Canção Original: “What Was I Made For”, de “Barbie”.
(*) Com Ansa.