Diário, e se eu desse um golpe?
A gente ia matar meia dúzia de coelho com uma caixa d’água só.
1-) Pra começar, ia acabar com esse negócio da imprensa ficar botando defeito em tudo que eu faço. Pô, se não é pra elogiar, é melhor ficar calada.
2-) Outra vantagem: não ia ter mais oposição. E nem situação contra, que é uma coisa que o PSL inventou. Todo mundo ia ser a favor de tudo. Aí o Paulo Guedes podia fazer as reformas dele em paz e o Moro ia prender quem quisesse. Uma beleza!
3-) Os militares também iam ficar felizes. O Mourão falou por esses dias que os militares estão chateados por serem tratados como vilões na ditadura. Mas aí, com outra ditadura, o pessoal podia consertar a história.
4-) Quarta vantagem: eu não ia precisar lutar pela reeleição. Já tava tudo resolvido.
5-) Acabava com essa palhaçada de STF e livrava a cara do Flavinho de uma vez.
6-) E o Lula voltava pra cadeia na hora. Esse cara é uma pedra no meu sapato. Um carrapato na minha cueca. Eu fico pensando: e se ele me desafiar prum debate? e se ele fizer uma live às sextas para responder as minhas lives de quinta?
Olha, Diário, acho que pode ser uma boa saída. Não é à toa que naquela entrevista antiga eu já dizia que, se eu fosse eleito, daria golpe no mesmo dia.
Na Bolívia parece que deu certo. E, se deu certo lá, por que não ia dar certo aqui também?
Tem que ver isso daí.
(*) José Roberto Torero é escritor e jornalista, autor de livros como Papis et Circensis e O Chalaça. O Diário do Bolso é uma obra ficcional de caráter humorístico.
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