Diário, agora todo dia 28 eu vou escolher o meu “Funcionário do Mês”!

E vai ser todo dia 28 porque nem todo mês tem 30 dias. Existe aquele maldito do fevereiro, que é um mês cotó, sem aquele rabicho final. Aliás, os empregados deviam ganhar menos em fevereiro. Vou pensar nisso daí.

Mas sobre o que eu estava escrevendo mesmo? Ah, sobre o meu “Funcionário do Mês”.

É que eu tenho tanta gente maravilhosa trabalhando pra mim que decidi fazer uma homenagem pros caras.

Outubro foi um páreo duro. O Ricardo Salles quase ganhou. Esse negócio de botar a culpa do óleo no Greenpeace (que ele chama de “greenpixe”) foi uma jogada de gênio!

É assim mesmo que tem que fazer. Deu alguma coisa errada, bota a culpa nas ongs ou na esquerda. A gente nunca pode assumir o erro. Eu, por exemplo, acabei com os dois comitês que cuidavam da poluição por óleo, mas nunca que eu vou assumir a culpa, kkk!

Bom, o Ricardo tirou 9, mas teve um que tirou 10. O Paulo Guedes. É que esse mês foi o mês da aprovação da reforma da previdência, e isso vai entrar pra história.

Nunca antes da história desse país fizeram um treco desses. Aliás, quando o Temer quis fazer uma reforma da previdência, eu disse que era uma “desumanidade”, e que a idade para a aposentadoria devia ser no máximo 53 anos para mulher e 56 para homem.

Mas ficou em 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. E acabou esse negócio de se aposentar por tempo de contribuição. Dos R$ 800 bilhões de economia em dez anos, uns R$ 630 bilhões vêm dessa mudança aí.

Ninguém vai fazer que nem eu, que comecei a ganhar minha aposentadoria aos 33 anos, kkk!

E a reforma do Paulo Guedes ainda tirou da Constituição a reposição da inflação para aposentado que ganha mais de um salário mínimo. Gênio!

Sem falar que, para aprovar essa reforma, o Paulo omitiu dados, torceu números, fez uns erros de propósito etc…

Ah, Tchutchuca, não tem pra ninguém. Você é o meu funcionário do mês!

(*) José Roberto Torero é escritor e jornalista, autor de livros como Papis et Circensis e O Chalaça. O Diário do Bolso é uma obra ficcional de caráter humorístico.

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