O presidente Jair Bolsonaro (PSL) reclamou nesta quinta-feira (18/07) das críticas dirigidas ao filho Eduardo, deputado federal por São Paulo, que foi indicado para ser embaixador em Washington. Ele disse não entender o porquê da “pressão” em torno do assunto, já que a indicação é “legal”.
“Por que essa pressão em cima de um filho meu? Ele é competente ou não é competente? Dentro do quadro das indicações políticas, vários países fazem isso. E é legal fazer no Brasil também”, disse a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília.
“Você tem que ver o seguinte: é legal? É. Tem algum impedimento? Não tem impedimento. Atende o interesse público? Qual o grande papel do embaixador? Não é o bom relacionamento com o chefe de Estado daquele outro país? Atende isso? Atende. É simples o negócio.”
Apenas a Arábia Saudita teve um embaixador nos Estados Unidos que é filho da autoridade máxima do país: Khalid bin Salman, filho do rei Salman, serviu como representante diplomático do país árabe entre os anos de 2017 e 2019, quando se retirou do posto após a morte do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul, na Turquia.
Indicações familiares para a embaixada em Washington ainda aconteceram em mais dois países. A representação diplomática do Catar nos EUA é ocupada por Meshal Hamad Al-Thani, irmão do Emir catari, Tamim Bin Hamad. Por sua vez, a embaixadora do Marrocos nos EUA, a princesa Lalla Joumala Alaoui, é prima de Mohammed 6º, rei do país.
Como exemplo de indicação política, Bolsonaro citou a indicação do ex-deputado Tilden Santiago (PT-MG) para a embaixada em Cuba, durante o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011).
Agência Brasil
‘Por que essa pressão em cima de um filho meu? Ele é competente ou não é competente?’, questionou Bolsonaro sobre Eduardo
Indicação
A decisão de Bolsonaro de nomear o filho foi anunciada em 11 de julho, um dia depois de o parlamentar completar 35 anos, idade mínima para assumir o cargo. O favorito para o posto era o diplomata Nestor Forster, que contava com o apoio do chanceler Ernesto Araújo e era bem visto entre os que gravitam em torno do guru ideológico e autointitulado filósofo Olavo de Carvalho.
Na última sexta-feira (12/07), Eduardo se disse apto a comandar a embaixada por sua “experiência” fora do país. Entre as qualificações, citou o fato de ser presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e ter feito intercâmbio nos EUA, onde “fritou hambúrguer”. No entanto, a Popeyes, fast-food em que diz haver trabalhado, não serve hambúrguer: o cardápio norte-americano do grupo mostra que o restaurante vende somente variações de frango frito.
O presidente tem tentado evitar que a ida de Eduardo para Washington seja vista como nepotismo e insiste em dizer que o deputado é qualificado para o cargo. “Por vezes, temos que tomar decisões que não agradam a todos, como a possibilidade de indicar para a Embaixada dos Estados Unidos um filho meu, tão criticado pela mídia. Se está sendo criticado, é sinal de que é a pessoa adequada”, disse, no dia 15 de julho.
Para o mandatário, o assunto está decidido. “”Da minha parte está definido. Conversei com ele [Eduardo] longamente acho que anteontem [domingo, 14/07]. Há interesse. A gente fica preocupado, é uma tremenda responsabilidade. Acho que, se tiverem argumentos contrários, que não seja isso, chulo que se fala por aí.”