A universidade pública, a educação e a cultura continuam na mira do obscurantismo.
A famigerada CPI da Assembleia estadual instalada para apurar “supostas irregularidades nas universidades estaduais paulistas” concluiu-se sem apresentar nada que justificasse a sua instalação.
Em Brasília, a grotesca figura do ministro “da Educação” conseguiu surpreender até os seus admiradores ao declarar que as universidades federais “têm extensas plantações de maconha” e “seus laboratórios químicos produzem drogas sintéticas”.
A associação que reúne os reitores das federais ameaça um processo judicial para obrigá-lo a provar a acusação ou retratar-se publicamente.
Quanto à CPI, ela serviu para mostrar que os controles internos com o dinheiro público já são rigorosos, mas também para confirmar, como reconheceu o Reitor da USP, Vahan Agopyan, que as universidades precisam melhorar sua comunicação com os deputados e com a sociedade em geral.
Mas esse alento não muda o fato de que o teto salarial dos professores das estaduais, que são responsáveis por mais de 40% da produção científica do país, continua mais de 12 mil reais abaixo do teto federal.
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Weintraub conseguiu surpreender até os seus admiradores ao declarar que as universidades federais “têm extensas plantações de maconha”
Como as escolas privadas não têm teto, já se verifica uma preocupante fuga de cérebros e talentos para escolas como FGV, Insper e outras.
O caricato, mas ativo, personagem que responde pelo ministério conseguiu ainda chamar de “égua sarnenta” a mãe de um internauta e deixar claro seu desgosto com a proclamação da República.
Parece que também nisso está afinado com o chefe da famiglia que confessou que preferiria ter o fake “príncipe” de Orleans e Bragança como vice-presidente, ao mesmo tempo em que lançava seu personal partido, com um logotipo composto por cartuchos de armas de fogo.
Na Alemanha nazista, popularizou-se a frase “quando ouço falar de cultura, saco logo meu revólver”.
Serve perfeitamente de subtítulo a este capítulo degradante da história de um país que é lindo por sua natureza, generoso por seu povo e ferozmente predatório por suas elites.
(*) Professor Titular do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos