Esta segunda-feira (03/09) marca o início do ano letivo na
França, após dois meses de férias de verão no hemisfério norte. Uma das
mudanças nessa volta às aulas é a proibição do uso de telefones celulares pelos
alunos dentro das escolas. Essa é apenas uma das reformas impostas pelo
ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer.
Mais de 12 milhões de alunos retornam às salas de aula nesta
segunda-feira na França em um dos momentos mais importantes para a vida do
país. Além de representar um ritual que marca o início do ano, regendo o ritmo
da população, os franceses têm orgulho de seu sistema de ensino e cada mudança
é sempre fonte de muito debate.
A educação representa a maior parte dos gastos do dinheiro
público no país, o que talvez explique as discussões acaloradas cada vez que um
ministro tenta alterar algo nas escolas. E com o uso de celulares não foi
diferente.
Desde 2010 um texto do ministério francês da Educação já
indicava que o uso dos telefones durante as aulas era proibido. No entanto,
ainda não havia uma legislação para enquadrar a prática.
A nova lei, votada em julho pelo Parlamento, proíbe o uso
pelos alunos de celulares e todo tipo de objeto conectado à internet, como
tabletes e relógios. Algumas exceções são previstas para estudantes com
deficiência física ou para “uso pedagógico”. Mas esses casos serão decididos
individualmente pelas diretorias dos estabelecimentos.
Cada escola será livre para escolher o método usado
para banir os aparelhos. Os diretores podem instalar armários para que os
telefones sejam depositados na entrada ou apenas impor que os celulares sejam
desligados. Em algumas escolas, os professores serão autorizados a confiscar os
aparelhos.
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Aulas recomeçaram nesta segunda-feira na França (Gaëtan Zarforoushan/Flickr CC)
Segundo um estudo recente, oito em cada dez adolescentes entre 13 e 19 anos têm um smartphone na França.
Ditado para todos e classes menores em zonas desfavorecidas
Outra novidade nessa volta às aulas é a divisão das classes nas zonas mais desfavorecidas, conhecidas na França como ZEP (Zona de Educação Prioritária). A partir de agora, as salas de aula serão separadas em grupos menores, com 12 alunos no lugar dos cerca de 25 habituais. O objetivo é, com um número reduzido, acompanhar melhor aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem.
O governo também decidiu aumentar o número de avaliações de matemática e francês, com dois testes anuais nas diferentes etapas do percurso escolar. A ideia é evitar casos, como vários registrados atualmente, de alunos que chegam no final do ensino médio com lacunas importantes.
Outra mudança que visa corrigir as dificuldades das crianças é a implementação de ditados diários para os alunos menores. Como o francês é uma língua repleta de particularidades (como consoantes e vogais que se repetem e acentos que podem mudar o gênero do sujeito ou até o sentido das frases), os exercícios de escrita estão entre os mais temidos pelos estudantes. Além disso, mesmo se o governo não diz abertamente, os ditados visam ajudar os alunos filhos de imigrantes, que nem sempre falam francês dentro de casa.