Atualizado às 15h59
O prefeito do município de Recoleta, Daniel Jadue, do Partido Comunista, aparece numericamente à frente em uma pesquisa eleitoral sobre a eleição presidencial chilena divulgada na última semana pelo instituto Cadem. Ele está, segundo os autores do levantamento de intenções de voto, tecnicamente empatado com o segundo e o terceiro colocados.
Jadue obteve 14% das respostas, contra 13% do direitista Joaquin Lavín (UDI), prefeito de Las Condes e ex-ministro de Sebastián Piñera, e 9% de Yasna Provoste, nome do Democracia Cristã – um dos membros da antiga Concertación, que apoiou os governos de Michelle Bachelet (2006-2010 e 2014-2018).
O Chile acaba de eleger governadores em todo o país e permanece em clima eleitoral. Isso porque no dia 18 de julho serão realizadas as eleições primárias para as presidenciais de novembro deste ano. Sebastián Piñera caminha para o final da sua gestão com apenas 18% de aprovação popular.
Primárias
Apesar de figurar em primeiro lugar, Jadue ainda precisa ser confirmado como candidato pela plataforma Aprovo Dignidade. Nas primárias do dia 18 de julho, o comunista irá enfrentar Gabriel Boric Font, do Convergência Social, para definir quem será a cabeça de chapa.
Do outro lado, a aliança Chile Vamos terá de escolher entre Joaquín Lavín (UDI), Ignacio Briones, Evolução Política, Sebastián Sichel, do Independente, e Mario Desbordes, Renovação Nacional.
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Daniel Jadue foi reeleito prefeito do município de Recoleta e é o favorito para disputar a presidência pela esquerda
Além disso, também confirmaram suas pré-candidaturas: José Antonio Kast, filiado ao Partido Republicano; Eduardo Artes, do União Patriótica; Carlos Maldonado, representante do Partido Radical; e Paula Narváez, do Partido Socialista.
À medida que Jadue aumenta sua popularidade também surgem campanhas de desinformação. Parlamentares da UDI trouxeram à tona o anuário escolar de 1983, com mensagens escritas por seus colegas afirmando que seria o futuro chefe da OLP – Organização para Limpeza Pública contra judeus.
Na verdade, OLP é a sigla da Organização para Liberação da Palestina e Jadue é neto de palestinos. A Câmara de Deputados aprovou uma resolução que exigia explicações de Jadue. O prefeito respondeu que o texto não foi escrito por ele.
“Um país em plena crise sanitária e econômica, centenas de mortos diários, famílias que não tem dinheiro para cobrir as contas do mês, mas deputados de direita votam para que eu explique algo escrito por outro, num anuário de colégio, há 35 anos. Sejamos sérios”, declarou.
(*) Com reportagem de Michele de Melo, do Brasil de Fato