O Ministério Público do Peru anunciou na noite deste domingo (13/06) que investigará simpatizantes de Keiko Fujimori por promoverem campanhas e ataques de ódio contra opositores nas redes sociais.
Pelo Twitter, o MP peruano afirmou que a investigação é contra a campanha “Chapa tu caviar”. Segundo o jornal Caretas, o slogan é utilizado em postagens que pedem informações pessoais, como número de telefone e endereço residencial, de personalidades políticas, jornalistas e artistas que se opõem a Keiko.
O diário Líbero apontou que fazem parte dessa campanha diversos adeptos do Força Popular, partido da candidata direitista. Os seguidores da organização convocam e incentivam que outras pessoas realizem os ataques e perseguições. Em um desses ataques, um grupo de fujimoristas foram até a casa do presidente da Órgão Nacional de Processos Eleitorais (ONPE), Piero Corvetto, para insultá-lo e defender a tese de supostas fraudes eleitorais.
O periódico La República afirma ainda que essa não foi a primeira vez que a campanha atacou autoridades peruanas. Na semana passada, os simpatizantes de Keiko permaneceram por cerca de três dias seguidos em frente à casa do presidente do Júri Nacional Eleitoral (JNE), Jorge Luis Salas.
Por conta de tais ataques, o Ministério Público disse que a investigação foi aberta na Quarta Promotoria Especializada em Prevenção ao Crime, enviando uma cópia do processo para a polícia de Lima, que, assim, também poderá intervir “com suas atribuições”.
Até às 13h desta segunda-feira (14/06), apuração alcançava 99,935% das urnas contabilizadas, colocando Pedro Castillo como virtual presidente eleito do país com uma diferença de 49.420 votos em relação a Keiko.
Keiko volta a falar em ‘fraude’
A candidata de extrema direita voltou a falar no sábado (13/06) em fraude nas eleições, mesmo sem apresentar provas das acusações. Keiko chegou a dizer que que a “esquerda internacional” estaria tentando modificar o resultado do pleito.
Após as declarações, Keiko participou de uma marcha a seu favor em Lima e defendeu os pedidos de recurso que apresentou ao JNE. “O que não pode acontecer é que escondam todas as falcatruas que fizeram nas mesas”, disse.
Embora insista no discurso de fraude, Keiko não apresentou provas das suas acusações e foi desmentida por observadores internacionais que acompanharam a eleição.
Néstor Soto Maldonado/ Flickr
Keiko Fujimori permanece atrás de Pedro Castillo na apuração oficial; candidata fala em fraudes sem apresentar provas
Para repudiar as acusações sem provas de supostas fraudes no pleito feitas por Keiko e pedir que os resultados da votação sejam respeitados, milhares de apoiadores do candidato de esquerda à Presidência do Peru foram às ruas de Lima na noite de sábado. Em concentração em frente à sede do partido Peru Livre na capital peruana, movimentos sociais e militantes da legenda defenderam a vantagem que Castillo possui na apuração.
Grupo de Puebla apoia Pedro Castillo
O Grupo de Puebla, organização formada por 30 líderes de 12 países da América Latina, defendeu a vantagem e virtual vitória alcançada por Castillo, e pediu que os resultados das eleições presidenciais no país sejam respeitados.
O comunicado, assinado por figuras como a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-mandatário do Equador Rafael Correa, e o ex-presidente do Paraguai Fernando Lugo, ainda destaca que “a jornada eleitoral deste dia 6 de junho é uma oportunidade histórica para recuperar a confiança na institucionalidade que, nos últimos anos, sofreu uma grave crise que violou a estabilidade democrática do Peru”.
A organização ainda manifestou “admiração e respaldo ao valente povo peruano que, hoje, se manifestou a favor de uma novo começo em meio a uma das piores crises políticas e sociais de sua história recente”.
Manobra para reverter vantagem de Castillo
As manifestações para defender os resultados da eleição ocorrem depois da Justiça Eleitoral ter voltado atrás de uma decisão que poderia retirar a vantagem de Castillo na reta final da apuração.
Na última sexta-feira (11/06), o JNE havia decidido, contrariando a legislação peruana, prorrogar o prazo para recebimento de recursos que poderiam anular votos das eleições. Após várias reações negativas e condenações por parte do partido Peru Livre, o júri voltou atrás e, por três votos a um, suspendeu a medida.
Apesar de legalmente oferecer a possibilidade para ambos os partidos apresentarem novos recursos, a ação poderia beneficiar a candidata de extrema direita. Ainda na noite de sexta-feira, o JNE emitiu uma nota confirmando a reversão da medida e afirmando que o pedido para prorrogar o prazo para a apresentação de recursos foi apresentado pelo partido da candidata derrotada, Keiko Fujimori.