Milhares de pessoas protestaram na noite desta quarta-feira (11/05) contra a decisão da procuradora-geral da Colômbia, Margarita Cabello, de suspender o mandato dos prefeitos das cidades colombianas de Medelín e Ibagué, Daniel Quintero e Andrés Fabián Hurtado, respectivamente.
Os manifestantes se reuniram em uma praça no centro de Medelín, município localizado no noroeste da Colômbia, onde Quintero declarou que lutaria para permanecer no cargo. “Eles não vão nos vencer”, disse o prefeito.
Em seu discurso, o mandatário também anunciou que iniciaria uma “resistência democrática, mas pacífica”. “Todos sabem que, se vencerem a batalha pela democracia em Medelín, vão dar um golpe de Estado na Colômbia”, acrescentou, dizendo ainda que a procuradora-geral teria violado seus direitos políticos, descrevendo sua decisão como um “golpe de Estado”.
A Procuradoria-Geral da Colômbia anunciou a abertura da investigação contra os mandatários de Medelín e Ibagué na última terça-feira (10/05), três semanas antes das eleições presidenciais no país, que acontecem em 29 de maio. Na ocasião, outros dois representantes políticos também tiveram seus mandatos suspensos: Gustavo Adolfo Herrera, vereador de Calarcá, no departamento de Quindío, e Grenfell Lozano Guerrero, vereador de Nátaga, no departamento de Huila.
A justificativa teria sido por uma suposta participação em atividades políticas em favor do candidato presidencial da coalizão do Pacto Histórico, Gustavo Petro. Em comunicado público, Cabello declara que a abertura do inquérito seria por uma “suposta e reiterada intervenção em atividades políticas e controvérsias”.
La Procuraduría tiene la competencia constitucional y legal para investigar, suspender provisionalmente y sancionar, hasta con destitución e inhabilidad, a todos los servidores públicos del país, incluyendo a los de elección popular”: ?️Procuradora Margarita Cabello Blanco [1/2] pic.twitter.com/SYwhc38Ohl
— Procuraduría General de la Nación (@PGN_COL) May 11, 2022
Na segunda-feira (09/05), o prefeito de Medelín publicou um vídeo em que declara a frase: “a mudança primeiro”. Candidatos do partido governista alegaram que se tratava de uma campanha eleitoral a favor de Petro.
Twitter/Daniel Quintero Calle
Multidão foi reunida na praça do Centro Administrativo La Alpujarra, no centro de Medelín
Segundo a procuradora colombiana, nenhum servidor público, “do mais baixo ao mais alto escalão”, pode usar o cargo para “participar de atividades e movimentos políticos e de controvérsias políticas”.
A Constituição colombiana proíbe funcionários, incluindo militares, de intervir em atividades eleitorais. Personalidades políticas da Colômbia, no entanto, têm demonstrado ampla rejeição à decisão de Cabello.
O presidenciável Petro, qualificou a decisão da promotora Cabello como um “golpe de Estado em Medelín” e pediu para população e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) defenderem o voto popular.
Golpe de Estado en Medellín. Le pido a toda la ciudadanía y a la @CIDH defender el voto popular.
La procuraduría no puede evadir el mandato popular.
— Gustavo Petro (@petrogustavo) May 11, 2022
A suspensão também foi rejeitada pelo chefe do debate de campanha do Petro, Alfonso Prada, afirmando que, segundo a CIDH, “uma entidade administrativa não pode suspender um funcionário democraticamente eleito”.
Prada também mencionou a falta de posicionamento da Procuradoria Geral da República diante das “várias denúncias” contra o presidente colombiano Iván Duque, “por sua frequente interferência em questões eleitorais”.