A candidata derrotada no primeiro turno do pleito presidencial argentino Patrícia Bullrich disse que os eleitores do país não estão preocupados como as opiniões do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Sulva (PT) sobre as eleições do próximo domingo (19/11).
Em entrevista ao jornal O Globo, Bullrich – que teve 23% dos votos no primeiro turno e apoia o candidato de extrema direita Javier Milei no segundo – disse que o presidente brasileiro irá se relacionar normalmente com o futuro mandatário argentino.
“Os argentinos não estão preocupados com o que pensa Lula, ou Pedro Sánchez (premiê espanhol). Lula pode dizer algo sobre a eleição argentina, mas ele terá de se relacionar com quem com quem vencer a eleição. A Argentina e o Brasil têm uma relação acima de suas ideologias”, afirmou Bullrich, ignorando que foi o próprio candidato apoiado por ela que afirmou que não manteria relações com o líder brasileiro.
Apesar de não declarar oficialmente apoio ao governista Sergio Massa, declarações recentes de Lula indicam simpatia por sua candidatura. Na terça-feira, Lula disse que os argentinos precisam de um líder que “goste de democracia, respeite as instituições, que goste do Mercosul, que goste da América do Sul”.
As declarações feitas no programa semana Conversa com o Presidente foram consideradas um recado a Milei, que já declarou que não se encontraria com Lula por considerá-lo “comunista” e “corrupto”. No programa, Lula ressaltou os laços entre os dois países.
Télam
Lula foi um dos primeiros líderes internacionais a manifestar seu apoio a Sergio Massa nas eleições da Argentina
“O meu exemplo de amizade com a Argentina vem do meu primeiro mandato. Quando eu ganhei em 2002, a Argentina foi o primeiro país que eu visitei antes de tomar posse. Em 2023 também. A Argentina é muito importante para o Brasil. Somos os maiores parceiros comerciais dos argentinos na América do Sul”, apontou o brasileiro.
Apoio internacional
Se Lula mede as palavras, o mesmo não ocorre com outros líderes internacionais, que são francos em seu apoio a Sergio Massa. Também citado por Bullrich, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que “diante a estridência, Sergio Massa representa a tolerância e o diálogo”.
“Sergio Massa representa o compromisso com a convivência democrática, com a harmonia; e oferece um projeto de unidade, solidariedade, com oportunidades para todos”, complementou.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, ressaltou que Javier Milei já atacou o Papa Francisco e conta com apoio de setores reacionários internacionais. “O Milei, da Argentina, um ultraconservador que está contra até o Papa”, afirmou.
Pepe Mujica, ex-presidente uruguaio, também declarou apoio Massa. “Se eu pudesse votar, votaria em Massa com as duas mãos. Parece-me que ele tem consciência que a Argentina não precisa de um cataclismo, mas de uma espinha dorsal. Unidade nacional, porque é aí que terá a força para sair do drama em que está mergulhada”, disse.