O dia 15 de agosto de 1954 marca o início de um período de três décadas e meia marcado por fraudes eleitorais, forte repressão a opositores e crimes contra a humanidade – assassinatos, prisões ilegais, torturas, deportações e desaparecimentos estavam entre os principais delitos. Calcula-se que, durante a ditadura Alfredo Stroessner, que chegou ao poder neste dia, teriam morrido entre três a quatro mil dissidentes.
Antes de se envolver na política, Stroessner tinha uma bem-sucedida carreira militar. Participou da Guerra do Chaco (1932-1935) e liderou o massacre contra a classe trabalhadora em Assunção durante um levante popular em 1947, a Revolução dos Pynandí (ou “pés descalços”, em guarani). No ano seguinte atingiu a patente de general-de-brigada e se tornou o general mais jovem na América do Sul.
Filiou-se ao governista Partido Colorado em 1951. Em maio de 1954, ele comandou a destituição do presidente Federico Cháves, do mesmo partido ao qual era filiado, o Colorado, assumindo o poder interinamente. Foi eleito, sem oposição, no dia 11 de julho do mesmo ano.
Enquanto Cháves levava a cabo uma política nacionalista e contrária ao FMI (Fundo Monetário Internacional), Stroessner, por sua vez, realizou um governo claramente alinhado com os Estados Unidos. Por sua postura anticomunista durante a Guerra Fria, tinha apoio estratégico, militar e financeiro norte-americano, fato que contribuiu para o aumento da dívida externa do país.
Assim que assumiu o poder, Stroessner prometeu colocar fim a “50 anos de anarquia”. Para tanto, suprimiu os direitos constitucionais e manteve controle direto das Forças Armadas. Ele seria eleito outras sete vezes: 1958, 1963, 1968, 1973, 1983 e 1988.
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Em 3 de fevereiro de 1989, após 35 anos no poder, o general foi derrubado por um golpe de Estado
No aspecto econômico, seu mandato foi marcado por dois fatores: a transformação do país em um porto seguro do comércio de produtos contrabandeados, atividade que se tornou uma das principais fontes de riqueza paraguaia; e a inauguração da Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu, projeto que empreendeu em conjunto com o governo brasileiro.
Em 3 de fevereiro de 1989, após 35 anos no poder, o general foi derrubado por um golpe de Estado liderado por seu genro, o general Andrés Rodríguez. Acabou fugindo para o Brasil, onde obteve asilo, e passou o resto de seus dias em Brasília, onde morreu em 16 de agosto de 2006.
Instabilidade
O Paraguai, por sua vez, não encontrou estabilização política após a saída do ditador. Ocorreram duas tentativas de golpe de Estado, uma contra Juan Carlos Wasmosy, em 1994, e outra contra Raúl Cubas, em 2000 – seu vice, Luis Maria Argaña, foi assassinado.
Em 2012, o ex-bispo Fernando Lugo, presidente com ampla minoria no Congresso, foi deposto por uma aliança entre Colorados e Liberais Radicais, seus ex-apoiadores – Federico Franco tomou seu lugar. A medida foi considerada um golpe pelos demais vizinhos sul-americanos, principalmente pelo fato de que Lugo não teve amplo direito à defesa. Em consequência, o Paraguai foi suspenso da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e do Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul) até a posse de um presidente democraticamente eleito.
Também nesta data:
1534 – Companhia de Jesus é fundada por Inácio de Loyola
1847 – República da Libéria é fundada por ex-escravos libertos dos EUA
1914 – Canal do Panamá é oficialmente inaugurado
1945 – Japão se rende e II Guerra Mundial chega ao fim
1947 – Independência da Índia do Império Britânico
1969 – Tem início o Festival de Woodstock