Figura singular do “Século das Luzes”, Emilie de Breteuil, mais tarde conhecida como Marquesa de Chatelet, morreu em Luneville em 10 de setembro de 1749, aos 42 anos. Apesar de ser uma das primeiras mulheres no mundo a se dedicar às ciências, nos livros de História ela aparece simplesmente como a inspiradora de Voltaire.
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“O caráter de Madame de Chatelet era o de ser extrema em tudo”, diziam
Nascida em Paris em 17 de dezembro de 1706, filha do barão de Breteuil, Emilie pertencia à nobreza. Quando criança, seu pai lhe deu – fato raro à época – a mesma educação que aos seus filhos homens e Emilie agarrou a chance para se instruir com avidez em todos os assuntos. Superdotada, ela aprendeu numerosos idiomas e todas as disciplinas científicas. Manifestou também grande talento na equitação assim como no cravo e no teatro.
Casou-se em 20 de junho de 1725, aos 18 anos, com o marquês de Chatelet, um oficial da nobreza militar. Teve com o marido três filhos antes de convir com ele de levarem vidas separadas. Emilie não dispensava os prazeres da vida, dos jogos de azar ao amor, passando pelo teatro. Relacionou-se com amantes como o matemático Maupertuis. Passa a estudar os trabalhos do sábio inglês Isaac Newton, morto em 1727, e dá início à tradução de suas obras.
Em 1733, teve a felicidade de descobrir em Voltaire, seu novo amante, um homem tão apaixonado por Newton quanto ela, cuja obra descobriu quando de sua estada forçada na Inglaterra.
No entanto, Voltaire teve problemas com a polícia do rei Luis XV em seguida à publicação de suas Cartas Filosóficas. Deixou Paris e se instalou num castelo deteriorado de propriedade do marido de Emilie em Cirey-sur-Blaise, no ducado de Lorena, atualmente Alto Marne.
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A amante se junta a ele no verão de 1735 e, juntos, iriam passar cerca de uma década dedicados ao amor, ao teatro e ao estudo da filosofia e das ciências.
Emilie se joga de corpo e alma à ciência. Intervém com brilhantismo num duelo entre os partidários de Newton e aqueles de Leibniz, um contemporâneo de Newton, nascido em Leipzig, Saxônia, e que concebeu, a exemplo de seu homólogo inglês, uma obra científica imensa.
Em 1748, a marquesa conhece o jovem e belo cavaleiro Saint-Lambert, poeta em seus momentos de inspiração, dez anos mais moço. O encontro se deu em Luneville, na corte do duque de Lorena. Fica apaixonada … e grávida.
Presa por um terrível pressentimento, se apressa em concluir sua obra chave, a tradução e o comentário do latim em francês do primeiro volume dos Princípios Matemáticos da Filosofia Natural de Isaac Newton, comumente chamados apenas de Principia. Da à luz um filho varão em 5 de setembro de 1749 em condições bastante difíceis.
Só teve tempo de concluir seu manuscrito e de enviá-lo à biblioteca do rei antes de falecer apenas quatro dias depois. “O caráter de Madame de Chatelet era o de ser extrema em tudo”, diria dela com precisão o abade Raynal.
Voltaire, bastante afetado pelo seu desaparecimento, escolheu deixar a França para se recolher no castelo Sans-Souci, em Potsdam, convidado pelo rei da Prússia Frederico II. Ali se ocupou, de resto, em publicar o manuscrito de Emilie. Seus Princípios, traduzidos ao francês, permaneceriam até o final do século 19 como um manual de referência.
Também nesta data:
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