Em 19 de junho de 1909 foi disputada a primeira corrida de automóveis no lendário circuito oval de Indianápolis, marcando o início da tradição do esporte a motor nos Estados Unidos e que, anos depois, transformou-se na prova das 500 Milhas de Indianápolis, uma das três principais corridas da história do automobilismo – ao lado do Grande Prêmio de Mônaco e das 24 Horas de Le Mans.
O cenário na época, à exceção do circuito, pouco refletia o sucesso que o autódromo possui hoje. O circuito aparentemente simples (mas muito perigoso), de quatro curvas e 2.500 milhas (ou 4.03 quilômetros), tem construído em seu entorno um autódromo com capacidade para 257.325 pessoas sentadas só para as provas do oval. Incluindo o circuito interno, o público total pode alcançar até 400 mil espectadores. tornando-se na prática o maior estádio esportivo em capacidade do mundo.
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O autódromo de Indianápolis em sua versão contemporânea, com o circuito interno e grande infraestrutura
Além das 500 Milhas, a pista oval também abriga uma corrida de 400 milhas das Nascar, a stock-car norte-americana, disputada desde 1994. Um moderno circuito misto foi construído entre 1998 a 2000 para abrigar o Grande Prêmio dos Estados Unidos de Fórmula 1 (realizada até 2007) e que, atualmente, depois de algumas modificações, é usado para as corridas do mundial de motociclismo, a Moto GP, além de preliminares dos eventos principais.
Entre suas principais curiosidades: o autódromo, na verdade, não fica em Indianápolis, capital do estado de Indiana, mas em um de seus subúrbios, a cidade de Speedway, de sete mil habitantes. O complexo automobilístico também abriga um museu aberto em 1956, cujo Hall da Fama é a principal atração. Três brasileiros venceram a tradicional 500 Milhas até hoje: Emerson Fittipaldi (1989 e 1993), Gil de Ferran (2003) e Helio Castro Neves (2001, 2002 e 2009), todos pela equipe Penske.
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Porém, outro fato que pouco conhecido é que ele não começou com uma prova valendo as 500 milhas, nem mesmo foi inaugurado com uma corrida de automóveis, tampouco disputada sobre a pista de tijolos, que durou décadas.
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História
O autódromo foi idealizado pelo empresário local Carl Fisher, após assistir a corridas na França. Para isso, ele comprou uma vasta propriedade rural em Indianápolis. Seu objetivo principal era que a exibição de automóveis em corridas seria uma melhor maneira para testar automóveis antes de entregá-los aos consumidores. Na época, as corridas eram disputadas apenas em ruas ou estradas para cavalos. A opção pelo oval veio pelo fato de que, em alta velocidade, os pilotos teriam mais chance de testar seus limites. Com a indústria automobilística crescendo na região, ele proclamou: “Indianópolis será o maior centro mundial de fabricantes de carruagens sem cavalos. O que poderia ser mais lógico do que construção da maior pista do mundo aqui?”.
A construção durou apenas um mês, iniciada em março e terminada em abril. Havia também uma arquibancada para 12 mil pessoas e uma cerca de arame farpado.
O primeiro evento na pista, já construída, foi uma competição de balões de gás, em 5 junho de 1909, que contou com 40 mil pessoas. Já as primeiras corridas de esporte a motor foram de moto, com sete etapas disputadas em junho de 1909.
Foi em 19 de agosto de 1909 que o autódromo recebeu seus primeiros automóveis, com 15 equipes realizando testes e corrida no mesmo dia para um público de 20 mil pessoas, que pagou um dólar pela entrada – o primeiro dia de um evento de três. Naquele dia, quatro pequenas corridas, duas de 5 milhas (2 voltas) e duas de 10 milhas (4 voltas) abririam como qualificatórias para a prova principal, o Troféu Prest-o-Lite – estam com 250 milhas de duração, ou 100 voltas. A prova, para variar acidentada, terminou com apenas quatro corredores chegando ao fim e duas mortes.
No meio da corrida, uma pedra atingiu os óculos do então líder e favorito, o suíço Louis Chevrolet, o obrigando a abandonar e o cegando temporariamente. E também a primeira morte: o canadense Wilfred Bourque colidiu em um poste, num acidente que resultou em sua morte e na de um mecânico. Apenas quatro carros terminaram a prova, com vitória do norte-americano Bob Burman e dois recordes de velocidade máxima alcançados. De negativo, as péssimas condições do asfalto da pista (com lama, terra e cascalho), apontadas como causa dos acidentes, que quase fizeram o evento ser cancelado nos dias seguintes.
Para a discussão histórica, não há unanimidade em torno do primeiro vencedor da Indy: Burman ou o austro-húngaro Louis Schwitzer, vencedor da primeira qualificatória (as outras foram vencidas respectivamente por Chevrolet, o falecido Bourque e Ray Harroun, dos EUA.
No entanto, na corrida final do dia 21 de agosto prevista para 300 milhas, um acidente resultou na morte do piloto Charlie Merz, além de um mecânico e dois espectadores. Outro acidente grave ocorreu voltas depois levando a prova a ser cancelada e o circuito a ser boicotado pela AAA (Associação Estadunidense de Automobilismo) até que reformas estruturais na segurança fossem realizadas. Foi o que levou Fisher a decidir pavimentar a pista com tijolos.
Em 1911, ao invés de abrigar eventos de todo o tipo, o autódromo decidiu mudar seu foco de marketing e realizar uma prova por ano, dando início às 500 Milhas em prova que terminou com a vitória de Ray Harroun. Estava nascendo “O Maior Espetáculo das Corridas”.
Também nesta data:
14 – Morre o imperador Augusto, fundador do Império Romano
1662 – Morre o físico francês Blaise Pascal, inventor da prensa hidráulica
1839 – Louis Daguerre demonstra o daguerreótipo
1936 – Poeta García Lorca é fuzilado na Espanha