Atualizada em 18/08/2017 às 16:00
O som do ‘swing’, que dominou completamente a cena da música popular norte-americana no final dos anos 1930 e começo dos anos 1940, lembra instantaneamente imagens dos músicos das ‘Big Band’ trajando smoking e pistas de dança repletas e as pessoas com passos agitados, acrobáticos e exuberantes bailando o Jitterbug, o Shag Hop e o Lindy Hop, que eram dançados ao som do swing ou foxtrot, e tinham um movimento característico com saltos enquanto os pés eram “jogados” para trás.
Enquanto as raízes do ‘swing’ fincam-se claramente nas primeiras formas do jazz – e particularmente nos estilos afro-americanos do ritmo – o ‘swing’ como nós o conhecemos nasceu numa época específica e num lugar específico, com a performance eletrizante de uma Big Band peculiar diante de um público particularmente entusiástico. Foi em 21 de agosto de 1935, no Palomar Ballroom em Los Angeles, Califórnia, onde Benny Goodman e sua banda abriram categoricamente a Era do Swing com uma exuberante apresentação testemunhada por milhares de jovens fãs presentes na grande sala de espetáculos e milhões mais que sintonizaram as estações de rádio.
Benny Goodman já era um famoso solista por se apresentar nas mais destacadas bandas e ser o líder de seu próprio trio e de sua ‘big band’ por diversos anos antes de sua explosão no Palomar. O nono de 12 filhos de uma numerosa família judaica de Chicago, Goodman foi enviado por seu pai aos 10 anos, em 1919, à sinagoga local para aulas de clarinete na esperança de que uma carreira musical pudesse mostrar-lhe a porta de saída da pobreza. Já nos primeiros anos de sua adolescência, Goodman provou que seu pai estava certo, ao se tornar professional da música. Aos 24 anos, já gozava de suficiente sucesso para conseguir para a sua banda uma atuação regular num programa semanal de rádio transmitido para fora de Nova York chamado Let’s Dance (Vamos Dançar). Foi ali que Goodman começou a tocar arranjos “quentes” de autoria do ‘bandleader’ afro-americano Fletcher Henderson—arranjos que se distanciavam de estilos mais românticos em voga ao empregar ritmos sincopados soltos, livres e batidas de bateria mais suaves, comuns nos conjuntos de jazz afro-americanos durante anos.
Wikicommons
O estilo de Benny Goodman influenciou outras grandes orquestras como a de Glenn Miller
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A banda de Benny Goodman costumava apresentar bem depois da meia-noite no programa Let’s Dance. O fato limitava sua exposição na Costa Leste dos Estados Unidos, mas Goodman logo descobriria uma enorme quantidade de fãs ao levar seu grupo para a Costa Oeste, na Califórnia.
Embora já familiar com o novo e excitante estilo de Benny Goodman decorrente de suas apresentações radiofônicas das sextas-feiras à noite, uma imensa multidão de jovens deslocou-se para o Palomar Ballroom a fim de assistir à sua estréia ao vivo nesse dia de agosto de 1935. Foi um início promissor para uma turnê de verão e, se assim não fosse poderia comprometer o projeto de Goodman. Contudo, o ‘bandleader’ preferiu arranjos relativamente sóbrios e padronizados na primeira parte do show daquela noite. Esta decisão causou profunda decepção naquela massa de jovens que permanecia praticamente em silencia e imóvel. Antes de voltar do primeiro intervalo, o baterista da banda, o legendário Gene Krupa, interpelou Goodman, “Se tivermos de morrer, Benny, vamos morrer tocando do nosso jeito.” Convencido, foi então que Benny Goodman mandou colocar nas estantes diante dos músicos os arranjos de Henderson que, junto com a execução em todos os registros que essa talentosa orquestra sabia fazer, levou a multidão ao delírio.
O estilo Benny Goodman influenciou outras grandes orquestras como a de Glenn Miller e agitou salões de dança em todos os quadrantes do globo durante décadas.