Em 1936, a Espanha era uma República que começava a mergulhar em guerra civil. Rebeldes fascistas liderados pelo general Francisco Franco lutavam para derrubar o governo socialista. No dia 6 de novembro daquele ano, o primeiro-ministro Largo Caballero decidiu abandonar a capital espanhola, Madri, e se refugiar em Valência, no leste.
Deixada sob a proteção do general Miaja, a capital deveria resistir à ofensiva do exército de Franco. Entretanto, ocupados pelo cerco do castelo de Toledo, os fascistas tiveram de retardar seu ataque, o que permitiu a Madri se organizar e facilitou a chegada das Brigadas Internacionais, pró-republicanas.
O ataque previsto por Franco não pôde atingir seu objetivo naquele momento. Na verdade, somente depois de 28 meses de resistência é que Madri foi obrigada a se render, caindo em mãos dos rebeldes fascistas.
A conjuntura militar naquele contexto da guerra civil espanhola era favorável ao exército franquista, mais equipado e bem treinado, além do apoio logístico que a Alemanha nazista e a Itália fascista vinham fornecendo. O exército alemão chegou a testar nessa guerra alguns de seus mais modernos armamentos. A aviação alemã (Luftwaffe) apoiou em diversos momentos a ofensiva das forças nacionalistas.
Em 14 de agosto, Franco tinha invadido a cidade de Badajoz, massacrando milhares de prisioneiros na passagem. A manobra permitiu que as tropas rebeldes do sul e do norte se juntassem e reforçassem seu poderio. O objetivo principal de Franco era então tomar a capital espanhola a fim de derrotar definitivamente o governo da Frente Popular. Contudo, os planos iriam se chocar com a necessidade de cercar e consolidar o sítio do alcázar (castelo) de Toledo, ainda defendido pelos republicanos.
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Somente depois de 28 meses de resistência é que Madri foi obrigada a se render
Desde o dia 22 de julho, os nacionalistas de Toledo, entrincheirados na fortaleza medieval, vinham resistindo às tropas republicanas. Embora tivesse como objetivo a ofensiva sobre Madri, o general Franco decide marchar para Toledo, a 70 quilômetros da capital, para apoiar os rebeldes sitiados. Depois de dois meses de resistência e da destruição de grande parte da fortaleza, os republicanos foram vencidos. O governo resolve então unir forças em Madri para reforçar a defesa da capital. A vitória de Franco em Toledo certamente contribuiu para o reconhecimento oficial de seu governo pela Alemanha de Hitler e pela Itália de Mussolini. A capital espanhola seria tomada em 28 de março de 1939.
Francisco Franco, até então apenas chefe dos rebeldes fascistas espanhóis, é proclamado generalíssimo e chefe de Estado em Burgos. Assume também o epíteto de “Caudillo de España por la Gracia de Dios”, como lembrança dos cavaleiros espanhóis que haviam expulsado os mouros na Idade Média. Franco venceria definitivamente os republicanos em 1939, ao termo de uma guerra civil cujos aspectos mais cruéis e dramáticos foram eternizados no mural “Guernica”, de Pablo Picasso, e nas páginas do romance Por quem os sinos dobram, de Ernest Hemingway.
Franco governou a Espanha como ditador até a morte, em 1975.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.