Em 9 de outubro de 1944, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill e o premiê soviético Josef Stalin deram início a uma conferência em Moscou para discutir a guerra contra a Alemanha nazista e o futuro da Europa pós-guerra.
A derrota da Alemanha naquele momento parecia inevitável, e Stalin estava comprometido em intervir na guerra contra o Japão assim que os alemães capitulassem formalmente. A visão otimista dos acontecimentos permitia que boa parte das discussões versasse sobre as relativas esferas de influência das duas superpotências num cenário europeu posterior ao encerramento da Segunda Guerra Mundial.
Churchill cedia à Romênia à disposição da União Soviética, visto que no próprio transcurso da conferência as tropas do Exército Vermelho já liberavam o país do controle alemão. Contudo, o primeiro-ministro britânico manifestava a intenção de ver o Exército Vermelho longe da Grécia. “O Reino Unido é quem deve liderar os países mediterrâneos”. Fecharam um acordo: Romênia pela Grécia.
Churchill era mais conciliador, disposto a repartir o espólio da guerra. A Iugoslávia poderia ser cortada ao meio, o leste para a União Soviética e o oeste para o Ocidente. Churchill desenhou inclusive um plano pelo qual as populações alemãs da Prússia Oriental e da Silésia seriam transferidas para o interior da Alemanha e a Prússia Oriental dividida entre a União Soviética e a Polônia, sendo a Silésia entregue à Polônia como compensação aos territórios que Stalin já ocupava e que tinha intenção de mantê-los sob controle.
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Líder soviético Josef Stalin e o premiê britânico Winston Churchill
O líder conservador inglês insistia numa questão que seria difícil de negociar em termos de 50%-50%: a liberdade desses países de escolherem o seu próprio projeto nacional com autonomia e independência.
A intenção clara do primeiro-ministro britânico era a de que num segundo momento os territórios atribuídos à União Soviética ganhariam sua própria independência e se voltassem para as potências ocidentais. Churchill queria que cada nação fosse livre para escolher os governantes mais convenientes para os seus povos, especialmente os menores, mais vulneráveis.
Churchill não escondia o seu temor quanto ao avanço da influência comunista. Mas nada do que foi discutido verbalmente foi inscrito em pedra ou mesmo colocado no papel, mas que se tornaria um tema crucial quando, depois do conflito, começou a Guerra Fria.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.