O Kwanzaa é uma celebração afro-americana que tem início no dia 26 de dezembro e se prolonga até 1º de janeiro de cada ano. A primeira celebração ocorreu em 26 de dezembro de 1966.
O Kwanzaa envolve a reflexão sobre sete princípios básicos: a valorização da comunidade, das crianças e da vida. Esta celebração está a se espalhar lentamente pelos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Caribe e já se podem enviar postais desejando “Feliz Kwanzaa”.
A palavra “Kwanzaa” significa “o primeiro, no início” ou, ainda, “os primeiros frutos”, e pertence a tradições muito antigas das celebrações das colheitas na África. E foi ela a escolhida para representar esta celebração foi criada por Maulana Karenga, há 34 anos.
Toda a celebração e os rituais da Kwanzaa foram concebidos após as famosas e terríveis revoltas de Watts – revoltas civis no distrito de Watts em Los Angeles, Califórnia, que duraram de 11 a 15 de agosto de 1965 e que resultaram em 34 mortos, 1032 feridos e 3438 prisões. Eles buscaram em remotas tradições africanas valores que fossem cultivados pelos afro-americanos naqueles terríveis dias de lutas pelos direitos civis, de assassinatos de seus principais líderes e que, não sendo religiosos, pudessem atrair – como atraíram – todas as igrejas de todas as comunidades negras em todo o país e, no futuro, pelo mundo fora.
O organizador da Kwanzaa, Maulana Ndabezitha Karenga, nascido Ronald McKinley Everett em 14 de julho de 1941, professor afro-americano de Estudos Africanos, ativista e escritor, foi figura de destaque do Movimento Black Power (Poder Negro) dos anos 1960 e 1970 e co-fundador com Hakim Jamal deste movimento social e de afirmação da população negra dos Estados Unidos. (A expressão “Black Power” foi criada por Stokely Carmichael, militante radical do movimento negro, após sua 27ª detenção.)
Karenga organizou a Kwanzaa em torno de 5 atividades fundamentais, comuns às celebrações africanas da colheita das primeiras frutas: a reunião da família, de amigos, e da comunidade; a reverência ao criador e à criação, destacadamente a ação de graças e a reafirmação dos compromissos de respeitar o ambiente e “curar” o mundo; a comemoração do passado honrando os antepassados, pelo aprendizado de suas lições e seguindo os exemplos das realizações da história; a renovação dos compromissos com os ideais culturais mais altos da comunidade como a verdade, justiça, respeito às pessoas e à natureza, o cuidado com os vulneráveis e respeito aos anciões; a celebração do “Bem da Vida” que é um conjunto de luta, realização, família, comunidade e cultura.
Karenga dizia que “a Kwanzaa é celebrada através de rituais, diálogos, narrativas, poesia, dança, canto, batucada e outras festividades”. Estas atividades devem demonstrar os sete princípios, Nguzo Saba em suaíli: umoja (unidade); kujichagulia (autodeterminação); ujima (trabalho coletivo e responsabilidade); ujamaa (economia cooperativa); nia (propósito); kuumba (criatividade); imani (fé).
A cada dia, uma vela de cor diferente deve ser acesa num altar onde são colocadas frutas frescas, uma espiga de milho por cada criança que houver na casa. Depois de acesa a vela, todos bebem de uma taça comum em reverência aos antepassados e saúdam com a exclamação “Harambee”, que tanto significa “reúnam todas as coisas” como “vamos fazer juntos”. A grande festa é a de 1º de janeiro, quando há muita comida, muita alegria e onde cada criança deve ganhar três presentes necessariamente modestos: um livro, um objeto simbólico e um brinquedo.