Na Abadia de Westminster, o rei da Inglaterra, Eduardo III reivindica oficialmente o trono da França para o seu primo, Felipe VI. Eduardo III, filho de Isabel e do defunto rei Eduardo II, neto do último rei da França, Felipe o Belo, se declara digno herdeiro do trono da França. Em 7 de outubro de 1337 tem início um conflito que oporia a França à Inglaterra durante muitos anos e que seria conhecida como a Guerra dos Cem Anos.
No decurso dessa guerra, em 26 de agosto de 1346, o rei da França, Felipe VI de Valois sofre uma severa derrota diante do rei da Inglaterra, em Crécy-em-Ponthieu, na Picardia. Os cavaleiros franceses, mais numerosos que seus adversários, são dizimados pelos arqueiros ingleses. Esta batalha reabilitaria o papel da infantaria em relação à cavalaria.
Após onze meses de sítio, a cidade de Calais capitula diante dos ingleses, em 3 de agosto de 1347. O rei da Inglaterra promete evitar o massacre sob a condição que lhe sejam entregues seis burgueses da cidade. Com a corda no pescoço, seis habitantes de Calais levam as chaves da cidade ao rei. A rainha Felipa de Hainaut intervém e os seis são deportados para a Inglaterra. Cinco séculos mais tarde, o escultor Rodin imortalizaria o episódio.
O exército francês é dizimado pelos arqueiros ingleses na primeira verdadeira batalha da guerra em Poitiers em 19 de setembro de 1356. O rei João II o Bondoso e seu filho Felipe o Audaz são feitos prisioneiros. O príncipe Negro os conduz a Bordeus.
Durante a guerra, as preliminares de um tratado de paz entre os reis da França e da Inglaterra são assinadas em Brétigny em 8 de maio de 1360. O rei da França, prisioneiro dos ingleses desde 1356, cede as terras ao norte entre Calais e Ponthieu e ao sul, a Aquitânia. O rei inglês traz o resgate de 3 a 4 milhões de escudos e renuncia a exigir o trono da França. Os conflitos entre os dois países seriam retomados 9 anos mais tarde.
O condestável – posto militar de maior graduação no exército abaixo apenas da suprema chefia do rei – Bertrand Du Guesclin é feito prisioneiro pelo príncipe da Gales durante a batalha de Navarra em 3 de abril de 1367. Apelidado de o Príncipe Negro, o príncipe de Gales prenderia o condestável em Bordeus onde os emissários do rei da França negociariam sua libertação. Du Guesclin foi libertado em 17 de janeiro de 1368.
O exército francês é esmagado pelas tropas inglesas do rei Henri V em Azincourt, ao norte de Somme, em 25 de outubro de 1415. Atolados, os cavalos da nobreza francesa não conseguiram opor-se aos arqueiros ingleses. Numerosos cavaleiros são feitos prisioneiros. Ainda que com superioridade numérica – 50 mil contra 15 mil ingleses – os franceses estavam muito desorganizados. Azincourt é uma das batalhas mais mortíferas da Idade Média. Em seguida à vitória, Henri V tomaria a Normandia.
Joana d'Arc
Em 10 de setembro de 1419, o duque de Borgonha, João sem Medo, é assassinado em Montereau por um partidário do delfim Charles, herdeiro do trono da França. Charles se convence, 12 anos depois, de vingar o assassinato de Luis de Orleans. O crime reacende a querela entre os Armagnacs e os Bourguignons, dividindo os franceses já debilitados pela derrota em Azincourt. Charles é deserdado pelo pai, Charles VI o Louco. Teria de esperar 10 anos para que uma certa Joana d’Arc o ajudasse a retomar o trono da França.
O duque de Borgonha, Felipe o Bondoso e o rei da Inglaterra Henri V assinam em 21 de maio de 1420 o Tratado de Troyes que entrega a França aos ingleses. É o resultado da derrota francesa em Azincourt e a divisão do reino. O delfim Charles VI só reina sobre a metade sul da França, seu conselho e sua corte são itinerantes. Seu filho, Charles VII, ajudado por Joana d’Arc conseguiria “botar os ingleses fora da França”.
Em 29 de abril de 1429, a jovem lorena, Joana d’Arc, que se dizia enviada de Deus para proclamar a legitimidade de Charles e expulsar os ingleses do reino, entra em Orleans à frente de um exército. A cidade estava sitiada desde outubro de 1428 e seria libertada em 8 de maio de 1429. Joana d’Arc levaria Charles VII a ser coroado na catedral de Reims em 17 de julho de 1429.
Joana d’Arc, que jogou um papel decisivo na libertação de Orleans, é capturada em 23 de maio de 1430 em Compiegne p or um mercenário a serviço do duque de Borgonha, Jean de Luxembourg, e vendida aos ingleses por 10 mil libras. Acusada de heresia, Joana a Virgem comparece diante de um tribunal em Rouen composto de 40 membros e presidido por Pierre Cauchon, bispo de Beauvais. A primeira sessão pública teria lugar em 21 de fevereiro de 1431 na capela real do castelo de Rouen. Em 24 de maio, Joana d’Arc abjuraria e reconheceria seus pecados antes de se retratar em 28. Joana seria queimada viva na praça do Velho Mercado em Rouen, em 30 de maio. O rei Charles VII, a quem havia salvado, não fez qualquer gesto em seu favor.
O exército francês consegue uma vitória decisiva na cidade girondina de Castillon. Esta batalha, travada em 17 de julho de 1453, marcou o fim da Guerra dos Cem Anos. Os ingleses renunciam a qualquer porção do território francês e o abandonam completamente.
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