Em 10 de janeiro de 1776, o pensador britânico Thomas Paine publica anonimamente Common Sense, o mais influente tratado da Revolução Americana. A obra vendeu mais de 100 mil exemplares na época.
Paine participou das intensas transformações que marcaram a passagem do mundo moderno ao contemporâneo. Depois de tentar a vida em diferentes ocupações na Inglaterra, resolveu viajar para a América. Lá encontrou as Treze Colônias gozando de prosperidade, mas envoltas na agitação que levaria à independência.
O documento político de Paine levou o crescente sentimento revolucionário a focar-se na culpa da monarquia britânica pelo sofrimento das colônias.
Common Sense verbera duramente contra a coroa britânica e postula uma obrigação moral especial da América perante o mundo. Não satisfeito com a obra, participou da Guerra de Independência ao lado de George Washington e do marquês de La Fayette.
Pouco após a publicação, o espírito da argumentação de Paine encontrou ressonância na Declaração de Independência norte-americana. Escrito no limiar da revolução, o panfleto tornou-se o motor da época. Despertou nos colonos o élan necessário para desencadear a primeira ação anticolonial bem-sucedida da história moderna.
Paine era descrito como um propagandista revolucionário sem par. Impressionado com ele, Benjamin Franklin patrocinou sua emigração para a América em 1774. Na Filadélfia, Paine tornou-se jornalista e ensaísta, colaborando no The Pennsylvania Magazine com artigos sobre os mais variados assuntos. Passou a inspirar e encorajar os patriotas durante a Guerra Revolucionária com uma série de panfletos intitulados A Crise Americana.
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No final de 1789, viajou para Paris, encontrando a cidade em efervescência frente à Revolução Francesa. Ele escreve então Os Direitos do Homem e colabora com a redação da Constituição da República Francesa.
A radicalização do processo revolucionário acabou afastando-o do centro das decisões. Sua amizade com girondinos o forçou a retornar à América. Antes disso, lançou outro opúsculo, A Justiça Agrária. Nesse trabalho defendeu que, a exemplo dos direitos políticos, o direito à propriedade deveria ser estendido a todos.
O processo de exclusão da posse de propriedades agrárias deveria ser compensado por um sistema tributário, que chamou de “direito natural”. Cada proprietário de terra deveria contribuir com certa quantia de dinheiro a ser igualitariamente repassada a todos os cidadãos. Aquele maior de 21 anos receberia do governo uma renda mensal de 15 libras como indenização por seu direito à terra.
Seu pensamento foi capaz de agradar liberais e socialistas por sustentar um diálogo entre princípios que valorizassem simultaneamente a igualdade e a individualidade. Dessa forma, procurou buscar racionalmente uma maneira simplificada de proteger socialmente os indivíduos sem colocar as liberdades e interesses individuais como obstáculo para construção de uma sociedade mais justa.