Após discursar numa fábrica em Moscou, em 30 de agosto de 1918, o líder soviético Vladimir Lenin é alvejado duas vezes por Fanny Kaplan, membro do Partido Social Revolucionário.
Lenin ficou seriamente ferido depois de levar os tiros, mas sobreviveu ao ataque. A tentativa de assassinato do líder soviético desencadeou uma onda de represálias dos bolcheviques contra os social-revolucionários e outros oponentes políticos, enquanto prosseguia a guerra civil na Rússia, após a revolução.
Quem tentou assassinar Lenin?
Fanny Iefimovna Kaplan nasceu no seio de uma família de camponeses judeus, de sete irmãos. Converteu-se em revolucionária tardiamente, militando em grupos anarquistas dantes de aderir a um grupo socialista, o Partido Social-Revolucionário.
Em 1906, Kaplán participou do atentado frustrado de um servidor público. Foi presa e condenada à prisão perpétua num campo de trabalho forçado na Sibéria. Foi libertada quando a Revolução de Fevereiro depôs o czar. Por causa da prisão, passou a sofrer de enxaqueca e cegueira intermitente.
Depois da Revolução de Outubro, ela acabaria desiludida com Lenin por causa do conflito entre os social-revolucionários e o partido bolchevique. Este tinha um forte apoio entre os sovietes, que Lenin tinha considerado como o único caminho para o governo pós-revolucionário. No entanto, nas eleições para a assembleia constituinte, em novembro de 1917, os bolcheviques não conseguiram maioria absoluta.
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Lenin levou dois tiros e ficou gravemente ferido
Como foi a tentativa de assassinato de Lenin
Um social-revolucionário foi nomeado presidente da assembleia em janeiro de 1918. Nos meses seguintes, os confrontos entre socialistas e bolcheviques levaram ao banimento de todos os partidos exceto o do governo. Kaplan decidiu então assassinar Lenin.
Naquele dia, Lenin tinha acabado de dar um discurso em uma fábrica de Moscou. Quando saiu, antes de entrar no carro, Kaplan gritou seu nome. Ao virar, ela disparou três tiros: um atravessou o casaco de Lenin; os outros dois atingiram o ombro e o pulmão esquerdo dele.
Lenin foi imediatamente levadado para seus aposentos no Kremlin. Temia que houvesse outros conspiradores tramando seu assassinato e, de início, se negou a receber atendimento médica num hospital. Apesar da gravidade dos ferimentos, Lenin sobreviveu, mas não se recuperou totalmente. Acredita-se que o atentado tenha influenciado a série de problemas de saúde que vieram depois.
Kaplan foi presa e interrogada pela Tcheka (polícia política). Sua confissão foi concisa: “Meu nome é Fanny Kaplan. Hoje atirei em Lenin. Fiz isso com meus próprios meios. Não direi quem me forneceu a pistola. Não darei nenhum detalhe. Tomei a decisão de matar já Lenin faz muito tempo. Considero-o um traidor da Revolução”. Foi executada em 3 de setembro.