Fundado em 5 de outubro de 1947 por lideranças dos partidos comunistas da União Soviética, países da Europa Oriental, Itália e França, o Burô Comunista de Informação (Cominform) pretendia resgatar as ligações institucionais entre os partidos comunistas do mundo inteiro, suspensas desde a dissolução do Comintern em 1943.
O objetivo principal da organização era o de comprometer os membros dos partidos a uma estratégia comum sob a liderança do Partido Comunista da União Soviética na luta contra o que se havia designado como o imperialismo liderado pelos Estados Unidos. O Cominform marcou uma guinada no relacionamento tanto com os seus ex-aliados ocidentais da Segunda Guerra Mundial quanto com os governos comunistas que emergiam na Europa Oriental.
Muitos partidos comunistas na Europa gozavam de uma onda de popularidade criada pelo papel proeminente desempenhado na luta de resistência ao nazismo e ao desempenhado pelo Exército Vermelho ao derrotar os nazistas. Desse modo, emergiram nos anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial como contendores em situação de real competição para assumir o poder político.
Temerosos de provocar uma intervenção ocidental, a União Soviética exercia uma influência restrita sobre alguns desses partidos comunistas, permitindo-lhes agir para encontrar seu próprio caminho rumo ao socialismo.
Wikicommons
Comitê era composto pela Europa Oriental, Itália e França
À época da criação do Cominform, os partidos comunistas da Iugoslávia, Hungria, Romênia, Polônia e Bulgária tinham assumido as rédeas do governo de seus países. Na Tchecoslováquia fazia parte da coalizão de governo. Na França e Itália haviam sido das coalizões governamentais no começo daquele ano. A estratégia comum ditada pela União Soviética via Cominform envolvia o abandono de qualquer limitação na tentativa de impor aos partidos comunistas no poder uniformidade tanto na política doméstica quanto na política exterior.
Desintegração
Em menos de um ano o bloco começou a sofrer seus primeiros abalos. Em junho de 1948, a Liga dos Comunistas da Iugoslávia, sob a chefia de Josip Broz Tito, foi expulsa do Cominform por ter se recusado a aceitar as limitações à sua autonomia de ação. Em consequência, Stalin, buscando prevenir a expansão do “titoismo”, empreendeu uma série de expurgos de líderes comunistas dos países do leste da Europa, bem como no interior do próprio partido da União Soviética.
Em muitos casos foram montados julgamentos semelhantes aos ocorridos em Moscou em 1936-38. Quadros dirigentes dos partidos comunistas da Tchecoslováquia, Romênia, Hungria e Bulgária, acusados de agentes do imperialismo, foram julgados e sentenciados à morte ou a longas penas de prisão. Este clima que se abateu sobre a Europa Oriental e a própria União Soviética continuou até a morte de Stalin em março de 1953 e em alguns países alguns anos mais, até a dissolução do Cominform em 1956.