O general Dwight David Eisenhower, popular herói de guerra, foi eleito presidente dos Estados Unidos pelo Partido Republicano em 4 de novembro de 1952.
Esta eleição ocorreu numa época em que a tensão da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética se acirrava. O senador republicano Joseph McCarthy havia se tornado uma figura nacional depois de presidir o Comitê de Atividades Antiamericanas e iniciar uma “caça às bruxas” na chamada “Ameaça Vermelha”. A tensão interna criada e o cansaço após dois anos de impasse sangrento na Guerra da Coreia, mais a Revolução Comunista de Mao Tse Tung vitoriosa na China, o domínio das armas nucleares pelos soviéticos e a recessão do início dos anos 1950 constituíam o cenário para uma agitada disputa presidencial.
O impopular presidente Harry Truman decidira não se candidatar à reeleição, de modo que o Partido Democrata indicou o governador de Illinois, Adlai Stevenson, intelectual e grande orador, como seu candidato. O Partido Republicano rebateu com o herói de guerra e general Eisenhower, que teve uma vitória esmagadora, acabando com 20 anos consecutivos de controle democrata na Casa Branca.
A Convenção Republicana foi realizada entre 7 e 11 de julho em Chicago. Indicou Eisenhower, conhecido como Ike, como candidato a presidente por 845 votos contra 500 de Robert Taft. O senador anticomunista Richard Nixon foi escolhido para vice-presidente.
A plataforma republicana se comprometeu a encerrar a impopular Guerra da Coreia; demitir todos “os vadios, incompetentes e funcionários desnecessários” no Departamento de Estado; apoiou a lei Taft–Hartley (que dispunha sobre o direito dos trabalhadores de se filiar aos sindicatos, negociar coletivamente e entrar em greve) e prometeu dar um fim à subversão comunista nos Estados Unidos.
A Convenção Democrata foi realizada entre 21 e 26 de julho também em Chicago. O governador Adlai Stevenson, que a princípio não era candidato, foi convidado a pronunciar um discurso de boas-vindas aos convencionais. Foi tão aplaudido que a assistência passou a gritar seu nome como candidato. Stevenson finalmente concordou em concorrer à indicação. O senador Estes Kefauver teve a maioria dos votos, mas foi insuficiente para a indicação. Stevenson passou a ganhar força e, no terceiro escrutínio, foi consagrado. A convenção escolheu o senador John Sparkman, conservador e segregacionista, como companheiro de chapa.
A plataforma democrata defendeu uma forte defesa nacional; segurança coletiva contra a União Soviética; o desarmamento multilateral; a revogação da Lei Taft–Hartley; igualdade de oportunidades para as minorias e assistência pública para os idosos, crianças, cegos e deficientes; a expansão do programa de merenda escolar; esforços contínuos para combater a discriminação racial.
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Republicano venceu com 442 votos no colégio eleitoral, contra 89 do democrata Adlai Stevenson
A campanha de Eisenhower foi das primeiras a se empenhar na conquista do voto feminino, discutindo temas como educação infantil, custo de vida, fim da Guerra da Coreia e outras questões sensíveis para as mulheres, o que o levou a conquistar uma sólida maioria do voto feminino.
Eisenhower atacou a Coreia, o comunismo e a corrupção, considerando o governo Truman um fracasso para lidar com estas questões. Acusou a administração de negligenciar a América Latina, permitindo que “agentes comunistas explorassem a miséria local, capitalizando-a politicamente, com o fim de comunizá-la”. As acusações de que espiões soviéticos haviam se infiltrado no governo atormentou a administração de Truman, fato que se tornou tema importante de campanha.
Os republicanos culparam os democratas pelo fracasso militar na Coreia e os acusaram de abrigar espiões comunistas dentro do governo federal. Em contraposição, os democratas criticaram o senador McCarthy e outros conservadores do Partido Republicano como “vendedores do medo”, que foram irresponsavelmente pisotear as liberdades civis dos funcionários do governo.
Eisenhower mantinha enorme popularidade pessoal conquistada na Segunda Guerra Mundial e conseguiu reunir grandes multidões em sua campanha. O slogan central era: “I like Ike” (Eu gosto de Ike) que se tornou extremamente popular. Stevenson concentrou-se em dar uma série de discursos, atraindo também multidões. Embora seu estilo tenha entusiasmado intelectuais e acadêmicos, alguns comentaristas políticos se perguntavam se ele não estava falando “acima da compreensão” da maioria do povo. Isto marcou sua imagem como um “intelectual”, ajudada pela calvície e postura professoral. Eisenhower manteve uma vantagem confortável nas sondagens durante toda a campanha.
Um evento notável da campanha de 1952 dizia respeito a um escândalo que surgiu quando Nixon, vice de Eisenhower, foi acusado de receber 18 mil dólares sem ter declarado ao Fisco. Nixon, que vinha acusando os democratas de ‘bandidos enrustidos’, viu-se na defensiva. Eisenhower e seus assessores consideraram retirar Nixon da chapa e escolher outro companheiro. No entanto, ele salvou sua carreira política com um discurso dramático de meia hora ao vivo pela televisão. Negou as acusações, deu um relato detalhado de sua modesta conta financeira e apresentou uma avaliação brilhante da candidatura de Eisenhower.
Nas eleições, Eisenhower recebeu 34.075.529 votos, correspondendo a 55,18% dos votantes. Stevenson foi votado por 27.375.090 milhões de eleitores, ou seja, 44,33% dos votantes. No Colégio Eleitoral, que define o resultado final, Eisenhower teve 442 votos, contra 89 de Stevenson.
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