No comando da XIII Legião, Caio Júlio César atravessou o rio Rubicão, uma fronteira natural que separa a Gália Cisalpina e a Itália em 11 de janeiro de 49 a.C.. À época, o Senado romano proibia formalmente a todo general em armas de transpor essa fronteira sem expressa autorização. Ao transgredir a ordem, Júlio César violou a lei de Roma e declarou guerra ao Senado. No instante em que atravessou o Rubicão, exclamou: “Alea jacta est” (A sorte está lançada).
A partir daquele momento, ninguém mais seguraria Júlio César. O general, estadista, orador, historiador e legislador romano, considerado um dos homens mais cultos de seu tempo e um dos maiores chefes militares de toda a história, entrou em Roma, afastou Pompeu e, ao fim de uma longa guerra civil, submeteu o conjunto do Império Romano aos seus desígnios de ditador vitalício.
É de se notar que, diferentemente do que o senso comum imagina, Júlio César nunca foi princeps (em latim, o primeiro no tempo ou no fim; o primeiro chefe; o mais eminente distinguidos ou nobre; o primeiro homem; primeira pessoa), portanto, Júlio César não pode ser considerado imperador romano, ainda que tivesse sido nomeado ditador vitalício em 45 a.C.
César tornou-se nome de família da primeira dinastia, sendo usado como título. E atravessou milênios: os títulos Czar, em russo, e Kaiser, em alemão, não passam de uma tradução do César romano.
Trajetória
Júlio César nasceu no ano 100 a. C., filho de uma família patrícia. Começou sua carreira política tomando parte da batalha que opôs seu tio Marius, chefe da facção popular, a Silas, chefe da facção senatorial.
A partir do ano 70 a. C. começou a ascender politicamente. Torna-se sucessivamente tribuno, militar, pró-cônsul, edil e pretor. Em seguida, governador da Gália Cisalpina e transalpina e mais adiante, pró-pretor na Espanha.
Em 59 a. C., é nomeado cônsul de Roma, graças ao triunvirato que havia formado com Pompeu e Crasso, fruto de uma aliança secreta. No ano seguinte, se lança nas Guerras da Gália, submetendo ao seu mando diversos povos do Norte. Em 51 a. C., após um longo cerco em torno da Alésia (a Borgonha), o chefe Vercingetorix depôs as armas e se rende a César. A Gália é conquistada para a glória do comandante romano.
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Ao transgredir a ordem, Júlio César violou a lei de Roma e declarou guerra ao Senado
Depois do episódio da travessia do Rubicão e após a sua entrada triunfal em Roma, Júlio César perseguiu e esmagou as tropas de seu rival Pompeu em Tessália. Pompeu e os senadores tinham abandonado Roma e se dirigido à Grécia. Pompeu, vencido, buscou refúgio no Egito, junto ao rei Ptolomeu XIII, que temendo a represália de César, mandou assassiná-lo. César vai atrás de Pompeu no Egito e lá toma conhecimento do assassinato.
O episódio deixou Ptolomeu em conflito com sua irmã-esposa Cleópatra em maus lençóis. Quando a encontrou, o general romano vê-se imediatamente seduzido pela rainha egípcia. Depois que seus exércitos derrotaram as tropas de Ptolomeu, César oferece o trono do Egito a sua amada.
César estava no auge de sua glória e poder. O imperador reinava nos dois lados do Mediterrâneo. Em Roma, exercia um poder absoluto e adotou algumas medidas que favoreceram os mais pobres.
Assassinato
Porém, em 15 de março de 44 a. C., Júlio César, que se havia proclamado ditador vitalício, é assassinado. Em plena sessão do Senado, cerca de 50 senadores partidários da restauração da república oligárquica atiram-se sobre ele e lhe conferiram 23 golpes de espada. César caiu ao pé da estátua de seu antigo rival Pompeu. Entre os conspiradores encontrava-se Brutus, filho da amante do imperador, por quem tinha uma grande estima, e Cássio, general romano. Ao perceber Brutus entre seus agressores, dirigiu-se a ele em grego: “Kai su Brutus teknon”, que se pode traduzir em latim popular por “Tu quoque, Brutus fili mii (Até tu, Brutus, filho meu).
O corpo do ditador foi levado por escravos e incinerado no Campo de Marte, como impunha a tradição. Em seu testamento, Júlio César designou por herdeiro o filho adotivo, Otávio, futuro imperador Augusto. Depois da morte de César, abriu-se uma luta pelo poder entre o seu sobrinho-neto César Augusto e Marco Antônio, que haveria de resultar na queda da República e na fundação do Império Romano, de cujo trono se apossou Marco Antônio.
A obra escrita de César, que o coloca entre os grandes mestres da língua latina, destaca-se pelo texto De Bello Gallico, que traz comentários sobre as campanhas da Gália. As narrativas, aparentemente simples e diretas, são na realidade sofisticadas manobras de propaganda política dirigidas ao patriciado de Roma.