A escritora moçambicana Paulina Chiziane, primeira mulher a publicar um romance no país, em 1990, venceu por unanimidade o Prêmio Camões nesta quarta-feira (20/10). O anúncio foi feito pela ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca.
“No seguimento da reunião do júri da 33ª edição do Prêmio Camões, que decorreu no dia 20 de outubro, a ministra da Cultura anuncia que o Prêmio Camões 2021 foi atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane”, diz nota divulgada nesta quarta.
Ao publicar, em 1990, seu livro Balada de Amor ao Vento, a escrito se tornou a primeira mulher com um romance publicado no país. Por meio de sua obra, narra a história de Moçambique de forma crítica e fictícia.
A autora se tornou mundialmente famosa com Niketche: uma história de poligamia, onde retrata com teor crítico o machismo ainda presente na cultura de Moçambique e uma leitura para além do Ocidente sobre poligamia. Além desta, Chiziane também se destacou com o romance O alegre canto da perdiz, que retrata os vários momentos históricos de seu país a partir da história de três gerações de mulheres.
Nascida em Manjacaze, Chiziane, 66 anos, cresceu nos subúrbios da cidade de Maputo, à época colonial denominada Lourenço Marques. Na juventude, a escritora militou no partido político Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), mas se desvinculou por discordâncias e passou a se dedicar à literatura.
Wikicommons
Paulina Chiziane foi a primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, em 1990
“[Chiziane] está traduzida em muitos países e é hoje uma das vozes da ficção africana mais conhecidas internacionalmente, tendo já recebido vários prêmios e condecorações”, declarou o júri da premiação, destacando sua vasta produção e recepção crítica, bem como o “reconhecimento acadêmico e institucional” de sua obra.
É a terceira vez, em 33 anos de existência, que o prêmio é atribuído a um autor de Moçambique. A primeira sendo José Craveirinha, em 1991, e a segunda Mia Couto, em 2013.
O painel de jurados foi composto pelos professores universitários Ana Martinho e Carlos Mendes de Sousa (Portugal), pelo escritor e investigador Jorge Alves de Lima e pelo professor universitário Raul César Fernandes (Brasil) e pelos escritores Tony Tcheka (Guiné-Bissau) e Teresa Manjate (Moçambique).