A presidente das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, morreu neste domingo (20/11) aos 93 anos, segundo informações de fontes próximas à ativista dos direitos humanos.
Bonafini ficou internada em outubro, após passar três dias no Hospital Italiano da cidade de La Plata para exames médicos. Na semana anterior à internação, a dirigente havia liderado a marcha que acontece toda quinta-feira.
A líder da organização voltou a ficar hospitalizada na semana passada. A causa da morte ainda não foi esclarecida.
Mãe de dois filhos desaparecidos, defensora e ativista dos direitos humanos, Bonafini fundou a associação para dar visibilidade aos desaparecimentos de pessoas durante a última ditadura na Argentina (1976-1983). Além disso, ela foi uma importante voz contra o imperialismo e o avanço do neoliberalismo na América Latina. Foi uma dura opositora aos governos liberais de Carlos Menem e Maurício Macri.
O presidente argentino, Alberto Fernández, também lamentou a morte de Bonafini, afirmando que ela foi “incansável lutadora pelos direitos humanos”. O mandatário decretou três dias de luto no país.
“Com a partida de Hebe de Bonafini perdemos uma lutadora incansável. Exigindo verdade e justiça junto com as Mães e Avós, ela enfrentou os genocidas quando o senso comum coletivo foi em outra direção. Com muito carinho e sincero pesar, me despeço. Até sempre Hebe”, disse.
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Bonafini buscou justiça contra os ditadores argentinos
Já Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, lamentou a morte da líder em suas redes sociais, declarando que Bonafini é um “símbolo mundial da luta pelos direitos humanos, orgulho da Argentina”.
“Querida Hebe, Mãe da Praça de Maio, símbolo mundial da luta pelos direitos humanos, orgulho da Argentina. Deus te chamou no Dia da Soberania Nacional… não deve ser coincidência. Simplesmente obrigada e até sempre”, disse.
Trajetória
Bonafini nasceu em 4 de Dezembro de 1928, em La Plata, na província de Buenos Aires. Aos 14 anos, em 1942, casou-se com Humberto Alfredo Bonafini, com quem teve três filhos. Dois deles, Jorge Omar e Raul Alfredo, foram sequestrados pela ditadura civil-militar argentina, em 1977. Um ano depois, o mesmo aconteceu com a sua nora, esposa de Jorge, Maria Elena Cepeda.
O sequestro dos filhos pela ditadura fez com que a vida dela também se cruzasse com o de outras mães, cujos filhos haviam sido retirados a força do convívio familiar pela repressão. A revolta dessas mulheres se materializou no sábado, 30 de abril de 1977, quando realizaram a primeira marcha contra o governo, em frente a Casa Rosada.
O movimento cresceu e tomou dimensões internacionais. Hoje, aos 45 anos, ultrapassa a marca de mais de 2 mil marchas. O grupo se reúne sempre às quintas-feiras, às 15h30, na mesma praça há mais de quatro décadas. O espirito do movimento foi sintetizada pela própria Bonafini, em outra oportunidade: “esta praça serve para isso: para gritar, denunciar, dizer, falar, sonhar. É muito bonito sonhar. Devemos fazer as coisas com alegria e amor. A revolução se faz com amor, não somente com armas”.
(*) Com Telesur e Brasil de Fato.