A organização sionista norte-americana Stand with Us, através de sua sucursal brasileira, publicou recentemente documento contra a principal dirigente do maior partido brasileiro. O texto, divulgado dia 4 de janeiro, intitula-se “Nota de repúdio à acusação falsa da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, contra a CONIB”.
Com o propósito de rebater as afirmações da líder petista sobre notórios vínculos de subordinação da Confederação Israelita do Brasil ao Estado de Israel, o pronunciamento da empresa lobista apoia-se sobre falsidades e manipulações.
Sediada em Los Angeles, com escritórios espalhados por vários países, a Stand with Us é financiada principalmente por empresários sionistas, como parte de uma estratégia para cooptação e pressão voltada às lideranças políticas e judiciais, aos meios de comunicação, às universidades e à indústria cultural. Rios de dinheiro são jorrados por agências desse tipo, em diversas nações, com o objetivo de angariar simpatia ao sionismo e sua encarnação estatal. Quando manobras de atração são ineficazes, esses mesmos recursos orçamentários servem para ações de cancelamento, ameaça e chantagem.
A filial nacional dessa entidade é presidida por um cidadão chamado André Lajst, que se orgulha de ter sido oficial das Forças Armadas israelenses, embora se apresente como brasileiro e cientista político. A nota contra Gleisi Hoffmann é assinada por esse senhor, que não economizou arrogância e desfaçatez em suas mentiras.
O presidente da Stand with Us alega que a presidente do PT teria recorrido à acusação de “dupla lealdade” contra a Conib, enfatizando que a denúncia dos laços de entidades judaicas com potências estrangeiras seria uma das “mais estudadas formas de antissemitismo”. Esse senhor vestiu a farda israelense, comanda uma organização norte-americana e tem o cinismo de fazer essa crítica? Como negar que a Conib e todo o complexo de organizações sionistas estão a serviço de defender o Estado de Israel, e não uma potência estrangeira qualquer? Esse objetivo está nos estatutos dessas entidades, incluindo nas regras da própria Stand with Us. “Somos inspirados por nosso amor a Israel… e nosso compromisso é ficarmos de pé por Israel e pelo povo judeu”, assim essa organização se autodefine!
Acusou-me de ter comparado judeus israelenses com ratos. Essa falsidade também foi proferida pela Conib. Recorri explicitamente a um provérbio chinês, “não importa a cor dos gatos desde que cacem ratos”, como alegoria a respeito de grupos contra os quais podemos ter críticas severas, a exemplo do Hamas, mas cujo papel é decisivo na resistência palestina. Não há qualquer citação a judeus, israelenses ou não, no post em que empreguei esse ditado popular. Aliás, dada a minha condição judaica, de uma família com dolorosa história de sofrimento imposta pelo nazismo, a interpretação do sr. Lajst não passa de invencionice grosseira e insultante, comparando esse meu comentário com o trato antissemita típico da Alemanha hitlerista, que tratava os judeus como ratos.
O chefete da Stand with Us também me acusa de ter justificado “o massacre de 7/10, a maior matança de judeus por serem judeus desde o Holocausto”. Outra calúnia. Concorde-se ou não com a ação realizada pelo principal grupo da insurgência palestina, esse fato somente pode ser entendido no bojo da reação a décadas de subjugação violenta e humilhante do povo palestino pelo Estado de Israel, segundo a clara consideração do secretário-geral da ONU, Antônio Guterres. Trata-se de aberrante falsificação diversionista afirmar que “judeus foram atacados por serem judeus”, simulando uma agressão racista, quando o mundo inteiro acompanha quem realmente adota práticas supremacistas e genocidas. A verdade dos fatos é que colonizadores sionistas foram contra-atacados por serem… colonizadores sionistas, como os próprios sionistas se orgulham de terem, no passado, combatido os colonizadores britânicos, não importa se fossem civis ou militares.
O senhor Lajst também afirma que outro comentário meu, o de que “Israel perdeu o direito de existir”, representaria “convite ao genocídio”. Para mentir com mais liberdade, o executivo da organização lobista publica de forma incompleta minha declaração, pois escrevi Estado de Israel, e não apenas Israel, para evitar incompreensões. O regime sionista deve desaparecer para que tenhamos uma solução estrutural na Palestina, como precisaram ser extintos o fascismo, o nazismo e o sistema de apartheid, sem que isso obviamente representasse o extermínio de italianos, alemães e sul-africanos. Enquanto sobreviver o Estado racista e colonial criado pelo sionismo, e isso já é uma evidência histórica, será impossível um acordo de paz sustentável.
As palavras do sr. Lajst exalam covardia e mentira. Foge como o diabo da cruz de debater contra judeus antissionistas, exatamente para usufruir do truque favorito da sua turma, a equalização entre antissionismo e antissemitismo, de tal sorte que críticas ao Estado de Israel e à doutrina sionista possam ser tratadas como “ódio aos judeus”, como tentou fazer na patética “nota de repúdio” à deputada Gleisi Hoffmann.
O azar desse senhor e dos demais porta-vozes dessa ideologia racista é que a violência empregada para manter a dominação colonial sobre os palestinos vai transformando seus defensores em párias, dignos de ódio e nojo, até mesmo nas fileiras do judaísmo.
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