Acredito que não haja mais dúvidas de que a área da leitura e do livro é fundamental na luta contra a aliança entre o neofascismo e o ultraliberalismo. Entre outras coisas, porque é através da confluência entre a leitura e o livro que se apresenta uma grande oportunidade de integração entre educação e cultura, domínios que historicamente se apresentam como os pilares da luta contra o obscurantismo.
O governo Bolsonaro não mediu esforços para fustigar, sucatear, extinguir e destruir, tanto material, como simbolicamente, as estruturas e as políticas do livro e leitura, construídas durante décadas de luta.
É importante não esquecer que a derrocada foi pavimentada no governo Temer, dentro do seu projeto maldito chamado Ponte para o Futuro.
A tal ponte nos legou o teto de gastos, que rebaixou de forma contundente o orçamento da área social, cultura e educação inclusos, bem como as reformas trabalhista e da previdência e o sucateamento dos serviços públicos. Tudo isso aprofundado pela gestão Bolsonaro, que nos mostrou na prática o que é o aliança entre o neofascismo e o ultraliberalismo.
Era óbvio que a tal Ponte para o Futuro só teria os desdobramentos necessários aos interesses do capital, num ambiente autoritário e excludente, em que educação e cultura e, por consequência, a leitura e o livro, são os alvos principais.
É importante lembrar que o ultraliberalismo não carrega em seus projetos e propósitos políticas avançadas e democráticas para o livro e leitura, e que essa informação tem tudo a ver com a sua aliança com o neofascismo.
O problema é que Jair Bolsonaro, que de início era palatável para a aliança, extrapolou, pela grosseria, pela violência, pelo negacionismo, pelo despudor com que se apropria da máquina e do orçamento públicos, pelo desejo evidente de instaurar uma autocracia, pelo desrespeito às instituições, os limites da tarefa lhe foi conferida.
O capitão reformado, se transformando num empecilho e inimigo conjuntural para parte das forças que o conduziram ao poder em 2018, é um ato contínuo do golpe de 2016. O que foi muito se transformou num estorvo.
Ricardo Stuckert
Petista lidera pesquisas de intenção de voto para o segundo turno em 30 de outubro
Nesse momento, uma semana antes do pleito que definirá quem será o presidente a partir janeiro de 2023, o mais importante é aglutinar e mover esforços para barrar Bolsonaro e eleger Luiz Ignácio Lula da Silva ao governo federal e Fernando Haddad para São Paulo.
Lula é a única alternativa diante de um projeto de violência e destruição, no qual simplesmente não há lugar para a leitura e o livro.
É importante frisar: eleger Lula dia 30/10/2022 é fundamental para que nós, profissionais e militantes do livro e leitura, possamos continuar a existir como agentes ativos na luta pelos avanços da área. Sobreviver para poder enfrentar nossos próprios embates e contradições e avançar.
Agora é hora de se unir para tentar garantir existência e reconstruir relevância.
Vamos unidos, leitores, escritores, bibliotecários, editores, livreiros, mediadores de leitura de diversas origens, educadores, professores, agitadores da palavra. Gente que se une sonora e silenciosamente para tentar construir um país menos excludente e desigual.
A despeito das diferenças, temos que cumprir nossa tarefa histórica e compreender que esse é o primeiro passo de um caminho, que novamente, será muito longo e repleto de percalços.
Dedico esse pequeno texto ao querido e saudoso Chico De Paula, que tanto lutou para a leitura e para todo e qualquer movimento e energia que tivessem como objetivos os direitos humanos e a construção do socialismo. Com toda certeza o bravo e doce maranhense estaria ao nosso lado.
Camarada, você faz muita falta e essa luta é também em homenagem à sua memória.