A solidariedade internacional com o Povo Palestino ganha mais força e combatividade com as poderosas greves estudantis nos Estados Unidos. Não se pode negar a potência das mobilizações justamente no maior arrimo econômico e ideológico do massacre contra os palestinos em Gaza. Se, por um lado, milhares de pessoas marcham em Jerusalém pelo cessar-fogo e pela renúncia do primeiro ministro nazista, do outro lado do mundo as movimentações populares cumprem o papel fundamental de disputar a opinião das pessoas e romper a máquina de propaganda sionista.
Desafiando os pessimistas que já não acreditam mais ser possível enfrentar o todo poderoso imperialismo norte-americano, alguns milhares de estudantes nos dão uma verdadeira lição de coragem e internacionalismo: com barracas, cartazes e barricadas, os protestos já se espalham por mais de 50 universidades, algumas delas ocupadas. O movimento estudantil denuncia o genocídio palestino e exige que as instituições rompam relações econômicas e políticas com o governo de Israel e empresas que lucram com a guerra.
Os protestos são comparados aos anos rebeldes da década de 1960, quando a guerra no Vietnã também mobilizou a revolta da juventude contra o imperialismo norte-americano e ondas de manifestações pela retirada das tropas se espalharam pelo país, inclusive nas universidades. Em 1970, o então presidente Richard Nixon ordenou que a Guarda Nacional reprimisse a manifestação contra a guerra na Universidade de Kent, em Ohio. Quatro estudantes foram assassinados e outros doze ficaram feridos.
Repressão policial e censura no país da democracia
Na terra da democracia e da liberdade, você é livre para vender sua força de trabalho por um salário miserável e para morar nas ruas da luxuosa Nova York, mas não é permitido ter opinião sobre os crimes do governo. Para impedir os protestos, tropas policiais foram acionadas e reprimem violentamente a luta em defesa da vida e da paz.
Pensavam que assim poderiam cessar as manifestações, mas se enganaram. Após a repressão na Universidade de Columbia, onde mais de 100 estudantes foram presos pela polícia local, os protestos se espalharam ainda mais pelo país. Na Universidade de Emery, em Atlanta, as agressões policiais resultaram em estudantes feridos e a prisão da presidente do Departamento de Filosofia, Noelle McAffee. A professora tentava impedir a prisão dos seus alunos.
Até hoje, mais de 2 mil estudantes e professores foram presos e dezenas de protestos duramente reprimidos pela polícia, mas o movimento continua crescendo.
Todo ser humano tem o dever de condenar o estado assassino de Israel
Já são mais de 35 mil Palestinos assassinados por Israel. Ao menos metade destas são crianças. As tropas sionistas avançam sobre a cidade de Rafah com mais bombardeios sobre 1,5 milhão de refugiados na região. Na Faixa de Gaza, a ajuda humanitária encontrou valas comuns nos hospitais de Al-Shifa e Nasser e mais de 700 corpos com sinais de execução sumária. As valas comuns eram utilizadas pelos nazistas para descartar corpos assassinados a sangue frio durante a Segunda Guerra mundial.
Trata-se de um crime contra a humanidade televisionado 24 horas por dia, com a colaboração direta do imperialismo estadunidense e europeu e total cumplicidade de Rússia e China. Não é possível não se revoltar ao ver as imagens das crianças mutiladas e famintas. E essa revolta precisa ser transformada em ação.
São fundamentais os protestos pelo cessar-fogo em todo o globo. Só assim podemos desmascarar as mentiras sionistas que justificam essa guerra. Em Jerusalém ou em Nova York, as ruas já são muito, muito mais poderosas que as bombas.
(*) Isis Mustafa é dirigente do partido Unidade Popular pelo Socialismo e 1ª vice-presidente da UNE.