Uma reportagem do meio norte-americano The Intercept, publicada nesta quarta-feira (17/04), apresenta o vazamento de um telegrama diplomático no qual a chanceler do Equador, Gabriela Sommerfeld, ordena os representantes de Quito na Organização das Nações Unidas (ONU) a atuarem para seja rejeitada a resolução apresentada pela Argélia pela admissão do Estado da Palestina como novo membro da entidade com plenos direitos.
A proposta argelina está sendo debatida nesta quinta-feira (18/04), no Conselho de Segurança, instância na qual o Equador forma parte como membro transitório, e precisa de maioria simples entre os dez membros transitórios do Conselho de Segurança (que atualmente são, além do Equador e da própria Argélia, Coreia do Sul, Eslovênia, Guiana, Japão, Malta, Moçambique, Serra Leoa e Suíça) e unanimidade (ou a abstenção) dos membros permanentes (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia).
Segundo a reportagem, a mensagem de Sommerfeld teria sido enviada no último sábado (13/04) e é direcionada ao chefe da missão equatoriana na ONU, José de la Gasca.
O cabo diplomático menciona a necessidade de pressionar a França para evitar um voto favorável à Palestina entre os membros permanentes do Conselho de Segurança, e também a adesão de outros membros transitórios, como Japão, Coreia do Sul e Malta.
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Conselhor de Segurança avaliará resolução da Argélia em favor da admissão do Estado da Palestina na ONU
Um dos trechos da mensagem afirma abertamente que “seria importante que qualquer proposta de resolução (a favor da Palestina) não alcance os votos necessários sem precisar do veto dos Estados Unidos”.
A informação gerou uma reação igualmente controversa por parte do ex-chanceler do Equador, Guillaume Long, que foi ministro das Relações Exteriores do Equador entre 2016 e 2017 (últimos anos do governo de Rafael Correa).
Através das suas redes sociais, o diplomata equatoriano comentou que a mensagem de Sommerfeld aos representantes da missão do país na ONU “mostra até que ponto a administração (do presidente equatoriano Daniel) Noboa está em dívida com os Estados Unidos”.
As palavras de Long foram consideradas pela imprensa do Equador como uma alusão à invasão da embaixada do México em Quito, promovida pela Polícia Nacional equatoriana após ordem de Noboa. Na ocasião, os Estados Unidos evitaram questionar a medida adotada pelo mandatário sul-americano, mas acabaram expressando seu repúdio mais de uma semana depois.