Centenas de mercenários da África do Sul estariam envolvidos na campanha militar do Exército da Nigéria contra o grupo islâmico Boko Haram no nordeste do país, revelou um ex-funcionário do governo ao jornal The New York Times.
EFE
Exército da Nigéria fazendo patrulha na cidade de Chibok; local foi onde aconteceu rapto de mais de 200 meninas em abril passado
A administração do presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, não sabe da presença dos mercenários e a maior parte dos ataques é realizada no período da noite, pois “não querem que as pessoas saibam o que de fato está acontecendo”, afirmou a fonte que preferiu manter anonimato.
Para o oficial, a ajuda sul-africana tem tido “um papel crucial” nas batalhas para retomar cidades e vilarejos controlados pela organização extremista. Contudo, essas operações têm sido sigilosas, até pela pressão que oficiais nigerianos têm recebido de Jonathan nas últimas semanas, com a aproximação das eleições presidenciais que já haviam sido adiadas.
Em Washington, o diretor do serviço de inteligência da Nigéria, o almirante Gabriel E. Okoi, disse em entrevista na quarta-feira (11/03) que foram contratados sul-africanos para ajudar treinar tropas nigerianas meses atrás. Contudo, ele acrescentou não saber que eles teriam se unido em milícias para atuar ativamente contra o Boko Haram.
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Ministérios da Defesa e das Relações Externas da África do Sul se negaram a comentar o episódio, mas disseram que – se de fato for verdade – esses mercenários serão presos quando voltarem ao país de origem.
Além da África do Sul, tropas de Camarões, Chade e Níger já realizaram diversos ataques aéreos contra posições de insurgentes nas últimas semanas. Em represália, o Boko Haram intensificou as incursões no Níger e Camarões. Oficialmente para combater os militantes, a União Africana já autorizou uma força regional de 7,5 mil soldados.
No fim de semana, o Boko Haram divulgou um áudio em que diz ter se aliado ao Estado Islâmico, que atua na Síria e no Iraque.“Anunciamos nossa lealdade ao califa [Abu Bakr al Baghdadi]. Nós iremos ouvi-lo e obedecê-lo em tempos de dificuldade e prosperidade”, afirma, na gravação, o homem que identifica-se como Abubakar Shekau, líder do grupo fundamentalista nigeriano.
Divulgação/arquivo
Atual líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, aparece em vídeo reivindicando a autoria de um ataque na Nigéria em julho passado