A temperatura no Oriente Médio subiu desde a morte de três jovens israelenses na Cisjordânia há pouco mais de 10 dias, seguida do assassinato de um adolescente palestino, incendiado com gasolina enquanto ainda estava vivo. Após os espisódios, as Forças de Tel Aviv passaram a atacar a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas. A nova ofensiva israelense em territórios palestinos é o principal destaque desta semana em Opera Mundi.
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Efe
Ataques de mísseis israelenses já deixaram pelo menos 100 mortos na Faixa de Gaza nos últimos dias
De acordo com os mais recentes dados, em quatro dias de ofensiva israelense, mais de 100 pessoas foram mortas e quase 700 estão feridas. Para o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, Israel está “cometendo um genocídio em Gaza”.
A declaração veio depois que o presidente israelense, Shimon Peres, ameaçou uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza na quarta (9) e após o Exército posicionar 40 mil reservistas nos arredores do território palestino, na terça (8). Os ataques aéreos na região começaram com a operação “Margem Protetora”, iniciada na noite de segunda (7).
Segundo Guila Flint, correspondente em Tel Aviv de Opera Mundi, a nome da operação militar israelense, em hebraico, é “Tzuk Eitan”. Tal expressão, em tradução livre para o português, significa “Penhasco Sólido”, ou “Rochedo Firme”. Em inglês, os porta-vozes israelenses divulgaram para o resto do mundo que a recente operação tem o nome de “Protective Edge”, ou “Margem Protetora”.
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Vale notar os significados diferentes dados pelos porta-vozes oficiais do país, para consumo interno e externo. Em Israel, prevalece um significado que irradia força diante de uma ameaça abismal, já que um penhasco geralmente se depara com um abismo. Para o exterior, a imagem transmitida é mais amena e menos agressiva: de proteção e defesa.
Efe
Grupo de palestinos enterra o corpo do garoto Mohamed Mnassrah, de 3 anos, morto em Gaza
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No entanto, não são todos os cidadãos israelenses que são a favor das medidas tomadas pelo governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. As principais ONGs de direitos humanos do país divulgaram informações sobre as vítimas dos bombardeios israelenses no enclave palestino e grupos de esquerda organizam manifestações nas ruas das grandes cidades.
A primeira manifestação ocorreu na quarta feira (09/07), no centro de Tel Aviv. Cerca de 100 ativistas se reuniram em frente ao Teatro Habima — teatro nacional de Israel — segurando um grande cartaz com os dizeres: “A Ocupação Está Matando Todos Nós”.
“Políticos se aproveitam dos sequestros de crianças”, “Não matarás”, “Cadáveres em Gaza não trarão segurança”, estavam entre as palavras de ordem gritadas pelos manifestantes. Vários israelenses que passavam pelo local tentaram agredir os manifestantes, mas foram barrados pela polícia. Entre outros xingamentos o mais comum foi “traidores!”.
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A maior ONG israelense de direitos humanos, a B’Tselem, divulgou informações sobre residências de membros do Hamas que foram completamente destruídas. De acordo com a ONG, o bombardeio das casas das famílias de membros de grupos armados palestinos constitui uma violação da lei humanitária internacional.
Em função do cenário registrado, a ONU definiu na sexta a situação na Faixa de Gaza como “uma emergência humanitária crescente”. Até o dia anterior, organização havia contabilizado cinco instalações hospitalares gravemente danificadas e cerca de 350 residências parcial ou totalmente destruídas pelos bombardeios da ofensiva de Tel Aviv.
Veja imagens da manifestação no vídeo abaixo, cedido pelo cinegrafista Israel Puterman:
Na quinta, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon pediu um cessar-fogo entre Israel e Hamas durante a abertura de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para discutir sobre o atual conflito, realizado em Nova York. “Gaza está numa situação extremamente precária”, disse Ban. Apesar de condenar os ataques com foguetes por parte do Hamas, o líder da ONU acredita que Israel faz “uso excessivo de sua força”, ameaçando a vida de muitos civis.
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Em vista do conflito, o vizinho Egito decidiu na quinta reabrir provisoriamente a passagem fronteiriça de Rafah para evacuar da Faixa de Gaza os palestinos feridos na atual ofensiva israelense contra a região. No dia anterior, o Ministério das Relações Exteriores do Egito declarou que pediu que Israel e Hamas parem com o conflito, mas minimizou esperanças de uma trégua mediada por Cairo.
No mesmo dia, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ainda se ofereceu ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para servir de mediador com o objetivo de conseguir um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza. Obama ainda pediu às duas partes que “restaurem a calma”.
Efe
Ofensiva de Israel foi batizada de 'Penhasco Sólido'; para comunidade internacional, seu significado traduzido como 'Margem Protetora'