O presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Jorge Rodríguez, anunciou nesta terça-feira (14/09) que o governo da Venezuela incluiu o empresário colombiano Alex Saab, aliado de Caracas, na mesa de diálogo com a oposição.
“Informamos à população da decisão de incorporar o diplomata venezuelano Alex Saab como membro pleno direito da delegação do governo bolivariano”, disse Rodríguez.
Saab, que é cidadão colombiano naturalizado venezuelano, foi preso no dia 12 de junho de 2020 pelas autoridades de Cabo Verde a mando da Interpol durante uma parada técnica do avião que o transportava.
Rodríguez afirmou que o empresário tem “capacidade suficiente” para fazer parte das negociações, assim como estar na delegação da Mesa Social que “foi aprovada no acordo parcial firmado no México“.
O também chefe da delegação governista nas negociações apontou que Saab está “400 dias sequestrado” no país africano, onde “estão violando todos os seus direitos”. “Este castigo foi perpetrado por ele estar cumprindo funções das quais estamos discutindo na mesa de diálogo”, disse. Segundo ele, o aliado de Caracas estava “cumprindo funções” para que conseguisse obter medicamentos e alimentos aos venezuelanos em meio ao “bloqueio mais feroz que a história do nosso país conheceu”.
Para juristas, a detenção e possível extradição do empresário colombiano seriam ilegais, já que Saab estava viajando em missão diplomática da Venezuela.
Reprodução/ @Asamblea_Ven
Jorge Rodríguez (centro) afirmou que Saab tem ‘capacidade suficiente’ para fazer parte da delegação
Em março, a Suprema Corte de Cabo Verde decidiu autorizar a extradição do empresário colombiano para os Estados Unidos. A defesa de Saab, por sua vez, acusou a Justiça cabo-verdiana de “suicídio constitucional”, afirmando que irá entrar com recursos legais contra tal decisão.
Os Estados Unidos acusam Saab de lavagem de dinheiro em uma operação realizada pelo empresário de compra de alimentos no exterior para as lojas Clap, que fazem parte da rede de abastecimento alimentar da Venezuela. Há acusações contra Saab também na Colômbia. Além disso, o cidadão naturalizado venezuelano foi alvo de sanções por parte do governo norte-americano em 2019 e teve alguns bens congelados.
À época da prisão, o governo venezuelano classificou o ato como ilegal, já que Saab viajava como “agente do governo da Venezuela e possuía imunidade diplomática”.
Em entrevista a Opera Mundi em 2020, o jurista brasileiro Pedro Serrano afirmou que a prisão do empresário poderia ser considerada “um sequestro”.
“Em uma missão diplomática, o avião é um pedaço da nação venezuelana. A prisão de um representante diplomático é absolutamente irregular. É um sequestro. As autoridades de Cabo Verde deveriam ter deixado o avião abastecer e prosseguir. Não é um fator político. Eu sou crítico ao governo da Venezuela, mas isso é um fator de soberania”, disse.