No programa SUB40 desta quinta-feira (01/07), o jornalista Breno Altman entrevistou Dread Hot, atriz e diretora de filmes pornô “alternativos”, sobre a indústria pornográfica.
Ela contou que tinha seus próprios preconceitos contra a indústria e reconheceu que existem problemas de abuso e preconceito, “mas acho que tive muita sorte de desde o começo poder escolher com quem trabalhava”. Atualmente, ela disse que busca desmistificar o pornô e condenou o preconceito que acredita existir contra a indústria.
“[Ser atriz pornô] é um trabalho como qualquer outro, infelizmente marginalizado por mil motivos e estamos lutando para quebrar esse tabu. Eu faço o que eu quiser com o meu corpo. Acho muito angustiante que uma mulher fale para a outra que ela não pode fazer o que quiser com o seu corpo. Eu, por exemplo, me descobri como mulher sedutora, selvagem e com tesão dentro da pornografia. A pornografia salvou a mulher reprimida dentro de mim”, confessou.
Dread Hot lamentou que existam setores do feminismo que critiquem a indústria e defendam sua proibição: “A gente sabe que, historicamente falando, nenhuma proibição traz resultados. Geraria uma indústria clandestina que seria ainda pior para as mulheres”.
A atriz, que também é diretora, defende a criação de filmes que são arte e, mais do que apenas feministas, “são para todos”, com “uma estética bonita, um roteiro bonito, um enquadramento legal”.
‘Temos que consumir pornografia com consciência’
Dread Hot se considera de esquerda, apesar de admitir não ter muito interesse em política. No entanto, ela classificou como negativo o governo Bolsonaro, “ele representa tudo que eu não queria que um presidente representasse”, e afirmou que votaria em Lula.
Por isso mesmo, a atriz reforçou a importância de uma maior aceitação para com a indústria pornográfica por parte da esquerda. Dread Hot refletiu sobre a necessidade de que ela seja regulamentada.
“Não existem leis que nos protejam. Não só não é regulamentado, mas as pessoas ainda apontam o dedo, xingam e denunciam por pura hipocrisia. As pessoas veem algo que não entendem, se assustam e julgam”, discorreu.
Para ela, com regulamentação seria possível combater perversões e abusos dentro da indústria, mas, para que chegue a esse ponto, “a gente tem que começar a consumir pornografia com consciência”.
“Eu fico triste com os ataques. Não queria incomodar tanto, queria ajudar mais. Não só as mulheres, mas os homens que são prejudicados pelos filmes mainstream que criam expectativas irreais”, enfatizou.