No programa SUB40 desta quinta-feira (12/08), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou a presidente da UNE, Bruna Brelaz. Ela foi eleita neste ano em um processo virtual.
Ela afirmou que a luta prioritária da UNE é o perdão às dívidas do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), e contra o sucateamento dessa política pública. Além disso, a entidade defende o fortalecimento do ProUni (Programa Universidade para Todos), o sistema de bolsas em instituições de Ensino Superior privado para estudantes de escolas públicas.
“O ProUni sofreu uma diminuição de 30% das bolsas. O Fies têm um formato que deve ser rediscutido porque existe um superendividamento dos estudantes. A gente vê tanta dívida sendo perdoada pelo Congresso, temos que fazer o mesmo pelos estudantes do Fies. Aliás, o ProUni, o Fies e o Enem estão sendo sucateados e são portas de entrada muito preponderantes sendo desmontadas”, denunciou.
Brelaz ainda explicou que, além da defesa das políticas públicas de educação criadas pelos governos petistas, a UNE luta pela expansão do ensino superior público: “O problema é que a gente está longe de ter um ensino superior público para todos. Então temos que garantir que a geração barrada pela falta de vagas nas universidades públicas, possa acessar o ensino privado”.
Reforma universitária
Além disso, a presidente da UNE destacou a necessidade de uma reforma universitária, principalmente depois da pandemia, que representou uma queda na qualidade do ensino e um aumento da evasão no Ensino Superior, “e quem abandona a universidade é normalmente o estudante mais pobre”.
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Bruna Brelaz, presidente da UNE, foi a entrevistada desta quinta-feira (12/08) do SUB40
Em primeiro lugar, a entidade defende a volta às aulas. “O grande problema é que a população ainda não se vacinou e não existe um plano emergencial de retorno”, diz. Brelaz criticou a falta de iniciativa do Ministério Público em elaborar um plano de volta às aulas que proteja os docentes e os estudantes.
“Como o Brasil tem essa dimensão continental, a decisão tem sido feita por estados. Se um estado está vacinando e dando garantias de segurança, as aulas precisam voltar, como está acontecendo em São Paulo com a USP. E onde as aulas voltarem, a UNE vai fiscalizar para garantir a segurança e saúde dos estudantes”, reforçou.
Mobilização durante a pandemia
A dirigente se mostrou otimista com relação à luta da entidade, apesar da mudança de formato de mobilização provocada pela pandemia: “Lembro do ‘Adia Enem’, havia 50 mil pessoas assistindo ao vivo a votação. Muitos estudantes engajados. Acho que a gente consegue se organizar e pressionar em todos os formatos”.
Ela ponderou que a mobilização de rua “é a chave de ouro”, mas que o processo remoto abriu novas possibilidades. A UNE organizou, por exemplo, sua primeira bienal online, “então acho que esses novos formatos vão permanecer, mesmo depois da pandemia. Teremos que unir movimentos de rua e mobilização pelas redes”.
Brelaz também celebrou as manifestações presenciais, mas apontou para a necessidade de que as próximas sejam maiores e de mais qualidade, dialogando mais com a população.
Caso não seja possível derrubar Bolsonaro antes das eleições de 2022, a dirigente afirmou que, para a campanha, a UNE irá dialogar “com quem quiser falar de educação”, mas não descartou somar a entidade a uma unidade de partidos de oposição “para derrotar o fascismo”.
Diante da possibilidade de um novo governo de esquerda, Brelaz disse esperar que leiam o projeto de educação pensado pela UNE e que se discuta o papel da universidade no mundo pós-pandemia.