O Tate Britain, um dos principais museus de Londres, reabriu as portas na última terça-feira (19/11) para apresentar ao público o resultado da reforma de dois anos do edifício, inaugurado em 1897. A obra, que custou £45 milhões (cerca de R$ 165 milhões), faz parte de um projeto ambicioso de reestruturação do museu, dono de um dos mais completos acervos de arte britânica no mundo e que promete novas mudanças a partir de 2014.
Pela nova entrada principal, situada à margem do rio Tâmisa, o visitante é convidado a conhecer 500 anos de história da arte britânica. E o melhor: quase tudo é de graça, com exceção das exposições especiais e temporárias.
Marina Novaes/Opera Mundi
Nova entrada do museu, reaberto nesta semana
Além da reforma arquitetônica, que deu ao edifício vitoriano uma linda escadaria em espiral, em preto e branco, entre a portaria e o hall que dá acesso às galerias, a disposição das obras – pinturas, esculturas, fotografias e projeções de filmes – também foi redistribuída de acordo com o período em que foram concebidas, de 1540 a 2013.
“Você se sente como se estivesse caminhando pelo tempo. Como foi feito de uma forma muito simples e direta, é possível ver claramente como as coisas aconteciam em cada época. E, com frequência, coisas bem distintas aconteciam na mesma época na arte”, explicou Penelope Curtis, diretora do Tate Britain. “Dessa forma, pudemos colocar no mesmo espaço obras que, geralmente, não seriam exibidas juntas: o velho e o novo, o vitoriano e o moderno”, argumentou.
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Assim, a escultura de bronze “Lycidas” (1902-08), de James Havard Thomas (1854-1921), que antes era exibida com outras obras clássicas, se tornou vizinha da pintura de traços modernos “Nude Girl” (moça nua, de 1909-10), de Gwen John (1876-1939), na sala enumerada “1910” – a época a que se dedica a galeria está escrita no chão de cada salão.
Destaques
Assim como a maioria dos museus, a visita ao Tate Britain requer um pouco de tempo. Apenas para visitar o acervo permanente é preciso de, pelo menos, duas horas – como aconselha logo na portaria uma voluntária do museu. Se você não tem muito tempo, vale a pena pagar £1 (cerca de R$ 3,65) pelo mapa de bolso, que dá um panorama do ambiente e apresenta os destaques da coleção.
Embora as salas mais próximas à entrada principal sejam dos anos de 1915 (à esquerda) e 1940 (à direita), vale a pena atravessar o hall principal até o fim e começar pelos fundos do museu, a partir da galeria 1540. Dessa forma, o passeio cronológico pelas obras britânicas, embora mais “óbvio” do ponto de vista temporal, proporciona observar nitidamente a transição de estilos e temas que dominavam a mente dos artistas em cada época – das guerras Napoleônicas, no século 19, às reivindicações feministas no início do século 20.
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Um dos principais destaques do museu são as galerias dedicadas ao artista inglês JMW Turner (1775-1851). O Tate Britain abriga a maior coleção do mundo de Turner, com mais de 2.500 obras, as principais delas em exibição – também gratuitamente.
É no salão “The Turner Collection”, dedicado a JMW Turner, que o visitante, provavelmente, irá se deparar com estudantes e artistas amadores, copiando obras ou esboçando desenhos inspirados nas pinturas e esculturas expostas.
Marina Novaes/Opera Mundi
Estudantes e artistas amadores são incentivados a trabalhar dentro do Tate Britain
A direção do Tate incentiva a presença desses “amantes da arte” e afirma que um de seus objetivos é se tornar um “laboratório” de projetos, para inspirar “novas formas de se pensar a arte” no Reino Unido. Não à toa, outro destaque da reforma foi criar uma entrada especial para excursões de estudantes.
Embora o museu receba quase diariamente a visita de estudantes das escolas de Londres, é durante a semana o período mais “tranquilo” de visitação. Em alguns momentos, é possível contemplar sozinho as principais obras de artes de nomes como Francis Bacon; a ativista feminista Sylvia Pankhurst; David Hockney; Stanley Spencer; Laurence Stephen Lowry; além de Henry Moore – o escultor inglês também tem uma sala dedicada somente a suas obras, e que leva o seu nome -, entre outros.
Marina Novaes/Opera Mundi
Museu ganhou escadaria em espiral nas cores preto e branco
No local, há ainda um café recém-inaugurado, que funciona nos mesmos horários que o museu, e o tradicional (e caro) restaurante “The Whistler”, ativo desde 1927, das 12h às 15h.
O Tate Britain funciona diariamente das 10h às 18h, na região de Millbank, em Londres. A entrada para a exposição do acervo permanente é gratuita. As estações de metrô mais próximas são as de Pimlico e Vauxhall.
Tate Modern
E se você tiver mais tempo na capital britânica, vale a pena visitar o “irmão” do Tate Britain, o Tate Modern, que fica em Bankside, também às margens do rio Tâmisa. Aberto no ano 2000, o museu pertence ao mesmo grupo e passou a abrigar as obras de arte moderna até então expostas no Britain.
Além da exposição gratuita do acervo permanente, o Tate Modern oferece uma vista linda e panorâmica do rio e da catedral de St. Paul, um dos cartões postais da cidade. Uma sugestão de passeio é visitar a catedral e, em seguida, caminhar a pé até o Tate, que fica a alguns minutos do local. O museu fica aberto de domingo à quinta, das 10h às 18h, e de sexta e sábado, das 10h às 22h, e as estações de metrô mais próximas do local são as de Southwark e Blackfriars.