Atualizada às 13h36
O governo da República Dominicana anunciou nesta quarta-feira (07/07) que vai fechar temporariamente a fronteira do país com o Haiti após o presidente haitiano, Jovenel Moïse, ter sido assassinado a tiros dentro da própria residência. Além disso, o presidente Luis Abinader convocou uma reunião de urgência com o comando militar dominicano para avaliar a situação.
Moïse foi morto na madrugada desta quarta-feira, segundo informações do premiê interino do Haiti, Claude Joseph. A primeira-dama, Martine Marie Etienne Joseph, também foi baleada. Inicialmente, a informação era de que Martine havia morrido, mas a imprensa haitiana disse que ela está viva e sendo levada para fora do país para tratamento.
O país está há anos envolvido em uma crise política, na qual a oposição acusava Moïse de tentar permanecer no poder após o que seria, em tese, o fim do seu mandato.
Após o assassinato, o aeroporto da capital Porto Príncipe foi fechado, e diversos voos que tinham como destino o Haiti foram cancelados ou desviados.
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Por sua vez, na vizinha República Dominicana, o presidente Abinader determinou o aumento da vigilância na fronteira entre os dois países. Os dominicanos e os haitianos dividem a ilha de São Domingos e tem cerca de 360 km de linhas fronteiriças, que, no entanto, têm poucas barreiras físicas.
Os dominicanos já tinham um projeto de levantar um muro de 190 km de extensão entre os dois países, para “combater”, dentre outras razões, a imigração de pessoas indocumentadas.
O país também suspendeu as operações aéreas de e para o Haiti. A medida consta em resolução emitida pelo Conselho de Aviação Civil (JAC) e estabelece que somente aeronaves que transportem membros da diplomacia dominicana poderão pousar no Haiti, de forma excepcional e exclusiva, e somente no Aeroporto Internacional La Isabela.
Pelo Twitter, Abinader lamentou o assassinato de Moïse. “Lamentamos e condenamos o magnicídio do presidente haitiano, Jovenel Moïse, e a primeira dama, Martine Moïse. Este crime atenta contra a ordem democrática do Haiti e da região. Nossas condolências a seus familiares e ao povo haitiano”, disse.
Assassinato do presidente do Haiti
O ataque, por volta da 1h local (2h em Brasília), foi feito por um grupo ainda não identificado, mas alguns dos envolvidos estariam falando em espanhol. A primeira-dama, Martine Marie Etienne Joseph, também foi baleada, mas sobreviveu. Joseph repudiou o “ato odioso, inumano e bárbaro” e pediu calma. “Todas as medidas para garantir a continuidade do Estado e proteger a Nação foram tomadas. A democracia e a República vão vencer.”
Autoridades do país disseram ter frustrado uma “tentativa de golpe” de Estado contra o presidente, que teria sido alvo de um atentado mal sucedido em fevereiro. Mais de 20 pessoas foram presas na ocasião, inclusive um juiz federal do Tribunal de Cassação e uma inspetora geral da Polícia Nacional.
A oposição nega ter tentado dar um golpe, mas, há meses, pressionava pela renúncia de Moïse e pela nomeação de um presidente interino para um período de transição. Moïse governava o Haiti desde 2017 e, no ano passado, rompeu com o Legislativo e passou a governar por decretos. Ele dizia que ficaria no cargo até 7 de fevereiro de 2022, o que causou revolta da oposição, que reclamava o fim do mandato em 7 de fevereiro deste ano.
A atual crise política no Haiti se iniciou na última eleição presidencial, realizada em 2015. No país, o mandato do presidente dura cinco anos e começa no dia 7 de fevereiro do ano seguinte às eleições. As eleições de outubro de 2015 terminaram com a vitória de Moïse no primeiro turno, mas a votação foi anulada após denúncias de fraude.
Declarado vencedor na eleição organizada um ano depois, o atual presidente assumiu o cargo finalmente em 7 de fevereiro de 2017. Por isso, Moïse dizia ter direito a um mandato de 60 meses, enquanto a oposição afirma que o presidente já teria cumprido o período legal do mandato.
(*) Com Rede Brasil Atual