(I João 3:11) Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.
Eis que, um dia, um senhor saiu de casa para ir à missa. Como fazia, religiosamente, todo domingo. Vestido com uma camisa clara de botão, calça e sapato social, caminhou lentamente pela sua paróquia – sua casa ficava a apenas duas quadras da igreja, que frequentava desde criança. Ao dobrar a esquina, viu uma movimentação atípica para aquele horário, tão cedo, de um domingo: um grupo de pessoas se apinhavam em um meio círculo, pareciam zangadas, falavam alto e se entreolhavam curiosos.
Aproximou-se – mais movido pela abelhudice do que pela diligência cristã – para saber do que se tratava aquele alvoroço: um jovem, preto, apenas de cueca, havia sido amarrado em um poste.
Perguntou a um comerciante, cujo ponto ficava bem na esquina do poste, se ele havia visto quem fizera aquilo. “Quando cheguei para abrir meu bar ele já estava aí, coisa boa não deve ter feito!”, respondeu.
Uma senhora, que passava carregando algumas sacolas de feira e o jornal, complementou: “Se fosse cidadão de bem não estaria aí amarrado!”.
Um rapaz, mais exaltado, teve que ser contido pela sua companheira enquanto marchava em direção ao poste e bravejava que “isto aí ainda é pouco, bandido bom é bandido morto…”.
Ninguém ali, naquela inquisição, sabia quem o tinha amarrado ou o que ele havia feito. Só sabiam que ali ele estava: preto, de cuecas, atado ao poste.
O senhor, que não queria se atrasar para sua missa, arrumou sua camisa de botão, se desvencilhou da multidão e pensou alto, deixando propositalmente que a frase fosse ouvida pelo ajuntamento: “Com certeza, antes de amarrarem, ele não estava na igreja rezando!”.
Então continuou seu caminhar, lentamente, pela sua paróquia com destino à igreja. Cumprimentou o pároco que recebia os fiéis na entrada do templo sagrado, molhou a ponta dos dedos da mão direita na pia da água benta, fez a genuflexão e, enquanto fazia o sinal da cruz, olhou para o altar e viu um jovem, apenas de túnica, pendurado em uma cruz.
Por isso, filhos, em verdade vos digo: se enches teu peito para se autodenominar um cidadão de bem, procure, antes, encher teu coração para agir como um cidadão do bem.
Por: @OCriador.