Ex-presidentes latino-americanos e o Grupo de Puebla rechaçaram ao longo deste sábado (13/02) o que classificaram como ingerência da Colômbia nas eleições do Equador. O procurador-geral colombiano, Francisco Barbosa, acusa o candidato Andrés Arauz de ter recebido dinheiro ilícito da guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional).
O boliviano Evo Morales disse que as ações de Barbosa visam afetar uma possível vitória do candidato correísta no segundo turno.
“Rechaçamos a ação intervencionista e intimidatória por parte do Procurador Geral da Colômbia contra o candidato vencedor das eleições do Equador, Andrés Arauz. Com falsas acusações de financiamento ilícito, tenta afetar seu triunfo no segundo turno, disse. A segunda volta está prevista para 11 de abril.
Arauz, candidato da aliança opositora União pela Esperança (Unes), obteve nas eleições do último dia 7 de fevereiro mais de 3 milhões de votos (mais de 32% do total), e aguarda a definição do segundo colocado entre o direitista Guillermo Lasso e o indígena Yaku Pérez. A votação está passando por uma recontagem parcial.
Suposto financiamento
O procurador-geral colombiano viajou na última sexta (12/02) a Quito para entregar a seu homólogo equatoriano uma suposta informação obtida em computadores do antigo chefe guerrilheiro da ELN, Uriel, morto em outubro de 2020, que apontaria para um suposto financiamento a Arauz.
Por sua vez, o ex-presidente da Colômbia Ernesto Samper afirmou, em um tuite, que os supostos vínculos do candidato com a ELN “são uma infâmia”.
“São parte de um jogo sujo que estão orquestrando, a partir da Colômbia, os setores radicais da direita de ambos os países para interferir no segundo turno das eleições presidenciais equatorianas”, disse Samper, que governou desde Bogotá entre 1994 e 1998.
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Suposta ligação com ELN é ‘mentira brutal’, diz Arauz
O Grupo de Puebla, que aglutina diversas personalidades da região latino-americana – entre eles, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva – emitiu um comunicado no qual rechaça “a tentativa de vincular Arauz com o ELN”.
“Aqueles que conformamos o Grupo de Puebla nos mantemos alerta ao que irá acontecer no Equador nos próximos dias e denunciamos toda a ação de lawfare na América Latina. Ante essa tentativa de golpe à democracia no Equador, rechaçamos que se utilizem aparatos midiáticos e judiciais para dobrar a vontade do povo equatoriano e fazemos um chamado a todas as forças comprometidas com a paz, a democracia e a autodeterminação dos povos a velar por um processo limpo e livre de violência, que interponha os interesses da cidadania sobre os de qualquer força política”, afirma o grupo.
Arauz: Ligação com ELN é 'mentira brutal'
Arauz, que foi ministro do Conhecimento e Talento Humano durante o governo de Rafael Correa (2007-2017), denunciou o que classifica de “campanha midiática” contra ele.
“Os que governaram junto com o [atual presidente Lenín] Moreno sabem que são perdedores e pressionam para que me persigam com mentiras brutas. Não conseguirão, a verdade sempre prevalece”, disse, pelo Twitter.
“Não poderão seguir chantageando ou enganando a Justiça. O povo equatoriano não permitirá um novo golpe contra a democracia”, afirmou.