A Justiça do Peru recusou nesta segunda-feira (21/06) o pedido feito pelo Ministério Público de prisão preventiva contra a direitista Keiko Fujimori.
No começo de junho, o procurador José Domingo Pérez enviou um ofício ao juiz Víctor Zúñiga Urday pedindo que a sentença de liberdade condicional de Keiko, que a obrigava a comparecer regularmente em tribunal, fosse regredida para uma prisão preventiva.
As acusações contra a filha do ex-ditador Alberto Fujimori correm no âmbito da Operação Lava Jato do Peru e se tratam de verbas recebidas pelo partido da candidata, o Força Popular, para financiar a campanha presidencial dela em 2011.
Pelo Twitter, o Poder Judiciário peruano disse que o juiz Urday declarou “infundado” o pedido de alteração da medida restritiva para “prisão preventiva contra Keiko Fujimori, acusada de lavagem de dinheiro e outros”.
Para entrar com o pedido, segundo o procurador, Keiko havia violado uma das regras impostas pela sentença que proibia encontros e reuniões com testemunhas no caso.
Durante os dias de apuração do segundo turno, a direitista concedeu uma coletiva de imprensa acompanhada de Miguel Torres, advogado e porta-voz da campanha presidencial de Keiko, que se ofereceu para testemunhar a favor da conservadora no passado.
O magistrado considerou que tal violação seja verdadeira, mas rejeitou o pedido porque a então candidata pelo Força Popular não havia sido avisado sobre o delito que estava cometendo para não cair em uma infração.
Urday também decretou que Keiko deve seguir o “estrito cumprimento de todas as medidas restritivas” que lhe foram impostas quando foi libertada da prisão, e advertiu que “se não o fizer, será expedida a medida preventiva”.
A candidata que concorreu contra Pedro Castillo nas eleições deste ano foi presa pela primeira vez em outubro de 2018 e, entre condicionais e novas prisões, deixou a penitenciária em janeiro de 2020. Mais tarde, no mesmo ano, a Justiça voltou a decretar prisão preventiva por 15 meses, dos quais Keiko cumpriu três, sendo liberada em maio do ano passado.
Reprodução/ @KeikoFujimori
Promotor pediu que sentença de liberdade condicional de Keiko fosse regredida para uma prisão preventiva
Em março deste ano, o procurador José Domingo Pérez solicitou à Justiça uma pena de 30 anos e 10 meses de prisão contra a ultradireitista pelos delitos de lavagem de dinheiro, crime organizado, obstrução de justiça e falso testemunho.
A recusa acontece após Keiko perder as eleições para Castillo. Com 100% das atas contabilizadas pelo Órgão Nacional de Processos Eleitorais (ONPE), o candidato do Peru Livre obteve 50,125% dos votos válidos, contra 49,875% de Keiko.
No entanto, a vitória de Castillo ainda não foi proclamado porque o Júri Eleitoral Nacional (JNE) não concluiu a resolução dos recursos interpostos, em sua maioria, pelo Força Popular.
Apoiadores de Castillo vão às ruas em apoio ao vencedor das eleições
Milhares de eleitores e apoiadores de Pedro Castillo foram às ruas de Lima na noite de sábado (19/06) para pedir que a democracia seja respeitada e o professor da educação básica seja declarado novo presidente do Peru.
Organizações sociais de direitos humanos, sindicatos e partidos aliados convocaram uma passeata na capital e em outras cidades peruanas com o lema “Pela defesa da democracia e da Pátria, não pelo golpe de Estado” para apoiar o vencedor das eleições.
Nos últimos dias, militares aposentados, que apoiaram o regime de Alberto Fujimori (1990-2000) emitiram uma carta convocando as Forças Armadas a tomar o poder para defender o país de uma suposta “ameaça comunista”.
A carta enviada às Forças Armadas, diz que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica do Peru não devem reconhecer Castillo como presidente.
O atual chefe de Estado, Francisco Sagasti, ressaltou que o papel das Forças Armadas é velar pela Constituição do país e anunciou que será aberta uma investigação contra os militares que assinaram a carta sugerindo um golpe.