Após longa e brilhante carreira, morre em Los Angeles em 22 de junho de 1987, aos 88 anos, Fred Astaire, o consagrado bailarino, coreógrafo, cantor e ator de alguns dos grandes musicais de Hollywood. Fred Astaire era o nome artístico de Frederick Austerlitz. O artista nasceu em Omaha, nos Estados Unidos, em 10 de Maio de 1899.
Uma série de adjetivos vem à mente quando se trata dele: elegante, garboso, desenvolto, cativante. E de substantivos também: graça, leveza, sofisticação e talento. Não era particularmente bonito nem tinha voz comparável a cantores românticos de seu tempo, como Bing Crosby.
Ele, porém, não necessitava de tais predicados, dançava como ninguém. Seus filmes com Ginger Rogers revolucionaram os musicais para sempre. E neles Astaire se mostrou não apenas um bailarino, mas também um talentoso comediante de comédias românticas.
Quebra de paradigmas
Antes de Fred Astaire estrear no cinema, os dançarinos apareciam nos filmes apenas “em partes”: os pés, as cabeças e os torsos eram compostos na sala de edição. Astaire exigia ser filmado de corpo inteiro. Para isso eram necessários longos e exaustivos ensaios. Seu perfeccionismo era lendário.
Astaire foi um virtuose da dança, capaz de expressar um alegre atrevimento ou uma profunda emoção. Seu domínio da técnica e senso de ritmo era assombroso.
Muito depois de terminada a tomada para o número de dança solo I Want to Be a Dancin’ Man do filme Ver, Gostar e Amar (1952), decidiu-se que o traje modesto de Astaire e o surrado set de filmagem eram inadequados e toda a sequência deveria ser refilmada. O documentário That’s Entertainment III de 1994 exibiu as duas performances, lado a lado, em telas separadas. Quadro a quadro, as duas performances eram absolutamente idênticas, até o mais sutil detalhe.
A dança de Astaire carregava uma variedade de influências como o sapateado, ritmos negros e o bale clássico para criar um estilo de dança reconhecidamente único que influenciou enormemente a dança de salão e estabeleceu padrões pelos quais os subsequentes artistas seriam julgados.
Seus passos eram controlados, porém cheios de nuances, como declarou Jerome Robbins, premiado diretor de Amor, Sublime Amor. “A coreografia de Astaire parece tão simples, tão cativante, tão fácil e, no entanto. O jeito como imprime seus passos é surpreendente e inventivo”.
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A arte de Fred Astaire foi marcada por perfeccionismo e sofisticação
Embora se considerasse acima de tudo um entertainer, sua maestria granjeou-lhe a admiração de lendas da dança como Gene Kelly, George Balanchine, Mikhail Barishnikov, Margot Fonteyn, Bob Fosse, Rudolf Nureyev e Michael Jackson.
O grande coreógrafo Balanchine descreveu-o como o “mais interessante, o mais inventivo, o mais elegante dançarino de nossos tempos”, enquanto para Barishnikov ele era “um gênio… um dançarino clássico como nunca vi em minha vida”.
Ademais, Astaire tinha um jeito de cantar canções como se estivesse mantendo uma conversa, valorizando cada palavra. Compositores como George Gershwin, Irving Berlin e Cole Porter ficavam estimulados em compor para ele porque sabiam que daria vida as suas canções.
Astaire fez sua estreia em papel dramático em A Hora Final (1959), um drama tenebroso com Gregory Peck, Ava Gardner e Anthony Perkins.
Interpretava um cientista nuclear tentando monitorar os altos índices de radiação. Retornou à comédia romântica em Papai Playboy (1961). Desapontado com sua aparência física e as críticas pesadas ao filme, resolve abandonar a carreira de dançarino aos 70 anos.
Somente em 1974, apesar de sua brilhante carreira, Astaire recebeu sua primeira e única indicação para o Oscar como coadjuvante em O Inferno na Torre, um épico em filmes de desastre.