O procurador José Domingo Pérez pediu na manhã desta quinta-feira (10/06) a prisão preventiva da candidata presidencial de extrema direita Keiko Fujimori. O pedido vem na reta final da apuração do 2º turno das eleições presidenciais, do qual a ultradireitista sai derrotada.
Em ofício enviado ao juiz Víctor Zúñiga Urday, Pérez pede que a sentença de liberdade condicional de Keiko, que a obrigava a comparecer regularmente em tribunal, seja regredida para uma prisão preventiva. As acusações contra Keiko correm no âmbito da Operação Lava Jato do Peru e se tratam de verbas recebidas pelo partido da candidata para financiar a campanha presidencial dela em 2011.
Segundo o procurador, a filha do ex-ditador peruano Alberto Fujimori violou uma das regras impostas pela sentença que proibia encontros e reuniões com testemunhas no caso ao conceder uma coletiva de imprensa acompanhada de Miguel Torres, advogado e porta-voz da campanha presidencial de Keiko, que se ofereceu para testemunhar a favor da conservadora no passado.
Nesta quarta-feira (09/06), Keiko concedeu uma coletiva de imprensa e, ao lado de Torres, fez acusações sem provas de fraude nas eleições, pedindo anulação de mais de 200 mil votos.
“Fica determinado novamente que a acusada Fujimori Higucho descumpre com a restrição de não se comunicar com as testemunhas; se fez público e notório que [Keiko] se comunica com a testemunha Miguel Torres Morales”, diz o ofício do MP.
Segundo o jornal El Comercio, no requerimento enviado pelo procurador estão anexadas fotos e capturas de tela da coletiva da quarta-feira que mostram Keiko ao lado de Torres.
A candidata presidencial foi presa pela primeira vez em outubro de 2018 e, entre condicionais e novas prisões, deixou a penitenciária em janeiro de 2020. Mais tarde, no mesmo ano, a Justiça voltou a decretar prisão preventiva por 15 meses, dos quais Keiko cumpriu três, sendo liberada em maio do ano passado.
Em março deste ano, o procurador José Domingo Pérez solicitou à Justiça uma pena de 30 anos e 10 meses de prisão contra a ultradireitista pelos delitos de lavagem de dinheiro, crime organizado, obstrução de justiça e falso testemunho.
Agência Andina
Candidata presidencial deu uma coletiva ao lado de Miguel Torres
Derrotada, Keiko quer anular votos
Keiko Fujimori anunciou na noite desta quarta (09/06) que vai pedir a recontagem de 200 mil votos por uma suposta fraude para qual, até agora, não obteve nem apresentou provas. O órgão nacional eleitoral peruano deve confirmar oficialmente em breve a derrota dela para o esquerdista Pedro Castillo, que, mostra a apuração, é o virtual presidente eleito do país.
A diferença entre os dois candidatos é de cerca de 70 mil votos. Com 99,136% dos boletins de urna computados, Castillo tem 50,204% dos votos. É a primeira vez na história eleitoral do Peru que um candidato pede a anulação de votos para tentar modificar o resultado. De acordo com o jornal La República, Keiko quer que sejam desprezados votos provenientes dos Estados Unidos, da região central de Lima e dos departamentos de Áncash, Arequipa, Cajamarca, Cusco, Huancavelica, Loreto e Pasco. Castillo aparece como vencedor em todas as atas questionadas por Keiko.
Durante a apresentação do caso, a candidata deixou que seu advogado, Miguel Torres, falasse. Segundo ele, haveria um plano do Perú Libre, partido de Castillo, para falsificar os resultados. Torres não explicou como esse plano se deu, mas disse que um dos indícios seriam boletins de urna assinados por pessoas com sobrenomes iguais.
Outro advogado, Julio César Castiglioni, acusou o Perú Libre de, nos rincões do país, “encher à vontade as urnas [de votos]”, mas não apresentou prova nenhuma para sustentar a afirmação.