O ex-candidato a presidente do Peru pelo Partido Morado, Julio Guzmán, declarou nesta terça-feira (15/06) que reconhece a vitória de Pedro Castillo nas eleições de 2021 no país. As declarações foram feitas à imprensa depois de uma reunião entre o ex-presidenciável e o virtual presidente eleito pelo Perú Libre, na sede deste partido em Breña.
Guzmán, que é fundador do Partido Morado, saudou o “presidente virtualmente eleito” e afirmou que seu partido sempre se manteve independente e vigilante, sem apoiar nenhuma das chapas no segundo turno. “Invocamos o respeito pelas eleições”, disse. Na ocasião, também pediu que Keiko Fujimori aceite o resultado “com maturidade” e que “não chute o tabuleiro”.
O ex-candidato ainda chamou de “irresponsável” parlamentares eleitos que estão “fazendo apelo a golpes e novas eleições”. Segundo ele, os peruanos devem “respeitar as regras do jogo”.
Dirigindo-se à candidata adversária do Fuerza Popular, disse: “gostemos ou não do resultado, as regras do jogo foram claras”.
“Os organismos internacionais monitoraram o processo e não encontraram absolutamente nada de irregular. Em nome do Partido Morado, pedimos ao presidente eleito, senhor Castillo, que assuma com absoluta responsabilidade a economia do país e reúna equipes técnicas adequadas para que o país avance, porque a situação é muito complexa”, argumentou.
Deputados e apoiadores falam em fraude
O deputado eleito, ex-chefe das Forças Armadas e ex-candidato a vice-presidente Jorge Montoya pediu, na segunda-feira (15/06), por meio do Twitter, que as eleições fossem anuladas e reconvocadas, afirmando que o “sistema eleitoral peruano não representa mais confiança”.
As alegações de supostas irregularidades na campanha, encabeçadas por Keiko Fujimori, também foram desmentidas pelo Júri Eleitoral Nacional (JNE) do Peru e comissões de observadores internacionais que acompanharam o segundo turno no país.
A Missão de Observação da União Interamericana de Organizações Eleitorais (Uniore) indicou, por meio da JNE, que as eleições foram bem-sucedidas e reconheceu todo o processo eleitoral.
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Guzmán disse que declarações de fujimoristas são ‘irresponsáveis’
Apesar disso, apoiadores fujimoristas têm realizado manifestações em frente às casas dos chefes da ONPE, Piero Corvetto, e do JNE, Jorge Luis Salas, residências que agora estão sob custódia policial.
Michelle Bachelet, comissária de Direitos Humanos da ONU, expressou sua preocupação nesta segunda pela tensão no Peru após as eleições, e afirmou que está “surgindo uma fratura cada vez maior na sociedade peruana”.
Manobra para reverter vantagem de Castillo
Manifestações para defender os resultados da eleição ocorreram no domingo (13/06) depois da Justiça Eleitoral ter voltado atrás de uma decisão que poderia retirar a vantagem de Castillo na reta final da apuração.
Na última sexta-feira (11/06), o Júri Nacional Eleitoral (JNE) havia decidido, contrariando a legislação peruana, prorrogar o prazo para recebimento de recursos que poderiam anular votos das eleições.
Após várias reações negativas e condenações por parte do partido Peru Livre, o JNE voltou atrás e, por três votos a um, suspendeu a medida.
Apesar de legalmente oferecer a possibilidade para ambos os partidos apresentarem novos recursos, a ação Keiko. Ainda na noite de sexta-feira, o JNE emitiu uma nota confirmando a reversão da medida e afirmando que o pedido para prorrogar o prazo para a apresentação de recursos foi apresentado pelo partido de Keiko, o Força Popular.