As eleições que aconteceram neste domingo (11/04) no Peru colocaram o ´partido Peru Livre em evidência após Pedro Castillo, nome que disputa a Presidência pela agremiação, contrariar as pesquisas e aparecer em primeiro lugar nas pesquisas de boca de urna e na apuração, praticamente garantindo sua vaga no segundo turno.
Professor e sindicalista peruano, Castillo ganhou reconhecimento nacional em 2017, quando encabeçou uma greve de profissionais da educação do país. Mas e seu partido? O que defende?
Fundado em 2007 como Movimento Político Regional Peru Livre, a sigla que lançou Castillo se formalizou oficialmente como organização nacional em 2012. Durante alguns anos, a agremiação carregou outros nomes até, em 2019, alterar para o nome atual.
Eleito duas vezes governador de Junín, Vladimir Cerrón é o fundador do partido e, hoje, lidera o Peru Livre como Secretário-Geral Nacional. Segundo a organização, o partido tem “princípios claros”: é “democrático, descentralista, internacionalista, inclusivo, soberano, humanista e anti-imperialista”.
Além dos princípios, o Peru Livre é uma sigla que se define como “marxista-leninista-mariateguista”, defende reformas “totais” em relação à política fiscal e tributária peruana e propõe a “nacionalização dos recursos estratégicos” da nação.
“É o partido que, com sua prática, pode convencer que nem tudo é utopia, que também existem realidades. Conquistando objetivos que a educação oficial, religião e mídia nos transmitiram que eram aspirações impossíveis e que apenas uma sociedade dividida em classes era garantia de competitividade e avanço social”, diz o partido.
Propostas
O partido propõe a destituição do Tribunal Constitucional do país, por considerar que o órgão é uma força aliada às elites, e uma nova Constituição que seja “solidária, humanista, salvadora e nacionalizadora”. “A nova Constituição deve ser elaborada por meio de uma Assembleia Constituinte, a mesma que deve concluir no desmantelamento do neoliberalismo e capturar o novo regime econômico do Estado”, afirma.
No plano econômico, o Peru Livre defende uma agenda que classifica como “economia popular com mercados”, no qual pretende estabelecer que essa gire “em torno dos interesses do povo”.
A entidade ainda “condena” ingerências “imperialistas e neocoloniais”, censurando “abertamente” o Grupo de Lima, organização fundada em 2017 por iniciativa do governo peruano sob a justificativa de “denunciar a ruptura da ordem democrática na Venezuela”. O Grupo de Lima é formado por 13 países.
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Representante do Peru Livre, Pedro Castillo, lidera resultados do primeiro turno e aguarda definição de opositor
Saúde pública
A sigla de Castillo reafirma que a saúde no país deve ser um direito garantido constitucionalmente ao povo peruano, no qual o Estado “subsidie aos mais pobres” um setor de qualidade, apontando somente para um único sistema de saúde no Peru.
“Todas as regiões devem, por lei, contar minimamente com quatro hospitais especializados que cumpram três funções básicas: assistência, ensino e investigação”, diz o partido, afirmando que tais unidades devem ser financiadas por governos centrais e executados por governos regionais.
No sentido do atendimento especializado, o Peru Livre também se posiciona em relação à interrupção voluntária da gravidez. No país, o aborto é legal quando põe em perigo a vida da mulher e quando é necessário para proteger a sua saúde.
O partido afirma que “respeita” a legislação peruana que contempla atualmente o método, afirmando que o “Estado socialista garante os direitos das mulheres”. No entanto, o partido diverge ao apontar que “discorda do aborto usado como uma espécie de método contraceptivo”.