Os eleitores franceses vão às urnas neste domingo (12/06) para eleger uma nova Assembleia Nacional, ou câmara baixa do Parlamento, no primeiro turno das eleições parlamentares francesas. O segundo turno ocorre no domingo seguinte, em 19 de junho.
Em recente visita à região de Tarn, no sul da França, em meio ao declínio do apoio ao seu governo, o presidente francês, Emmanuel Macron, reeleito em abril para mais um mandato de cinco anos, disse: “Se a eleição presidencial é crucial, a eleição legislativa é decisiva.”
A DW apresenta os meandros das eleições parlamentares, os atores-chave e o que está em jogo.
Como funciona
Desde 2002, quando os franceses reduziram o mandato do presidente de sete para cinco anos, as eleições legislativas são realizadas nas semanas seguintes à eleição presidencial. Como resultado dessa regra, elas acabaram sendo ofuscadas pelas eleições presidenciais.
As eleições legislativas ocorrem em nível nacional, mas são as autoridades locais que a organizam. Os candidatos não são escolhidos a partir de uma lista, mas sim diretamente por seus distritos eleitorais, como nas eleições americanas.
Há 577 assentos disponíveis, incluindo 11 para cidadãos franceses no exterior. O partido de Macron, junto com seus aliados da coalizão, detém atualmente uma maioria absoluta de 345 assentos.
No primeiro turno da votação, um distrito eleitoral é considerado ganho se um candidato receber a maioria absoluta dos votos dados e ao mesmo tempo o apoio de pelo menos 25% dos eleitores aptos a votar. A história mostra que isso ocorre em apenas alguns dos 577 distritos eleitorais.
Após o primeiro turno das eleições gerais de 2017, apenas quatro assentos haviam sido determinados. Um cenário semelhante é esperado nesta eleição.
O futuro da Assembleia Nacional só será conhecido após o segundo turno da votação, em 19 de junho, quando as eleições de segundo turno serão realizadas nos distritos eleitorais que ainda não tiverem sido decididos.
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Aliança de partidos de esquerda liderada por Jean-Luc Mélenchon busca maioria legislativa para fazer frente ao governo de Macron
Quais são os principais partidos?
Se Macron conseguir superar os desafios impostos pela esquerda e pela direita, sua aliança centrista pode seguir com a maioria dos assentos.
Caso sua coalizão não consiga obter a maioria, ele poderá ser obrigado a formar uma aliança com partidos à direita. Uma nova coalizão poderia levar à saída de alguns membros de seu gabinete, apesar de uma recente remodelação após as eleições presidenciais.
Jean-Luc Mélenchon, o líder da oposição de esquerda A França Insubmissa, está tentando convencer os eleitores a rejeitarem o partido de Macron, A República em Marcha, e votarem pela chamada “coabitação”. Na política francesa, isso significa que a maioria parlamentar é de um partido diferente do presidente.
A extrema direita francesa, liderada por Marine Le Pen, é representada pelo Reagrupamento Nacional. Le Pen ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais francesas e espera capitalizar este sucesso.
O tradicional partido de direita, Os Republicanos, juntamente com o partido de esquerda, o Partido Socialista, também esperam se recuperar das derrotas recentes.
Quais são os pontos em debate?
Os preços da energia e dos alimentos estão subindo na França, à medida que a inflação atrapalha as economias de toda a Europa.
As políticas de acomodação no primeiro governo Macron em relação ao líder russo Vladimir Putin também prejudicaram a reputação da França no exterior, embora internamente a atual abordagem de Macron em relação a Moscou possa potencialmente atrair os eleitores de esquerda e direita.
Na quinta-feira, Macron disse que havia muito em jogo na eleição legislativa e pediu que os eleitores franceses evitem “extremos” que levariam o país de “crise a crise”. Os resultados do primeiro turno devem ser divulgados por volta das 20h locais do domingo.