O Conselho Nacional do Partido Socialista (PS) aprovou, na noite de quinta-feira (05/05), por 62% de votos sua adesão à aliança Nova União Popular Ecológica e Social, proposta pelo líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, terceiro colocado no primeiro turno da eleição presidencial. Dos 292 participantes da votação, 167 votaram a favor, 101 contra e 24 se abstiveram.
A imprensa francesa relata que o debate na sede do PS foi cordial, apesar das tensões internas e da oposição de pesos-pesados a essa “união das esquerdas”, que há meses era desejada por eleitores dessa corrente política, um projeto que não se concretizou no caso da eleição presidencial.
Ecologistas e comunistas já tinham se associado a essa ampla coligação que tem por objetivo formar uma grande bancada de oposição ao presidente Emmanuel Macron no Parlamento francês, nas eleições legislativas de 12 e 19 de junho.
O principal ponto de atrito entre a esquerda radical e os socialistas refratários à aliança é a desobediência proposta por Mélenchon a algumas regras econômicas e orçamentárias da União Europeia (UE). Opositores e abstencionistas também temem que o PS seja engolido pela sigla A França Insubmissa (LFI).
Reprodução/ @JLMelenchon
Coligação foi uma proposta do líder da esquerda Jean-Luc Mélenchon
No final, prevaleceu o posicionamento do secretário-geral do PS, Olivier Faure, que insistiu “ser necessário adotar uma posição mais radical contra o programa de centro-direita de Macron”, destaca o Le Parisien. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, contrária à aliança, acabou dizendo que não iria impedir a aproximação com A França Insubmissa. A prefeita de Lille, Martine Aubry, também aprovou a coligação.
Fim da era Hollande
Na avaliação do site de informações France Info, a adesão dos socialistas às propostas da esquerda radical encerra o ciclo que praticamente destruiu o PS: a política social liberal adotada pelo ex-presidente François Hollande.
Devido às divergências e à radicalidade de Mélenchon nas questões internacionais, o jornal Libération estima que que a aliança era a única solução de sobrevivência eleitoral neste momento. Mas o diário progressista está longe de ver o acordo como um fato “histórico”.
Segundo uma pesquisa do instituto Elabe, a coligação concluída pelos partidos A França Insubmissa (LFI), Europa Ecologia Verdes (EELV), Socialista (PS) e Comunista Francês (PCF), que enfrentará as urnas com a denominação Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes), é aprovada por 54% dos franceses e 84% dos simpatizantes socialistas.