O Banco Central da República da Argentina (BCRA) anunciou na noite deste domingo (27/10) uma restrição na compra de dólares mensais. O anúncio vem logo após a vitória da chapa peronista formada por Alberto Fernández e Cristina Kichner no primeiro turno das eleições presidenciais do país.
Segundo o BCRA, o limite de compra da moeda note-americana para pessoas físicas será de U$200 mensais. O limite anterior para o mesmo perfil de consumidor era de U$10 mil por mês, estipulado no dia 1º de setembro.
Em comunicado, o órgão afirmou que “diante do grau de incerteza atual, o diretório do BCRA decidiu tomar neste domingo uma série de medidas que buscam preservar as reservas do Banco Central. As medidas são temporárias até dezembro de 2019”.
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Ainda está prevista uma coletiva de imprensa do presidente do BCRA nesta segunda-feira (28/10) às 08h30 para detalhar as decisões tomadas pelo órgão após as eleições.
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Segundo o BCRA, o limite de compra da moeda note-americana para pessoas físicas será de U$200 mensais
Derrota de Macri e crise econômica
A vitória da chapa Fernández-Cristina representa o retorno dos peronistas ao poder e o fim do governo neoliberal de Mauricio Macri, mandatário que, desde 2015, protagonizou um mandato marcado por profunda crise social e econômica.
Desde o início do governo macrista, 3,25 milhões de pessoas saíram da classe média para a classe baixa, mais de 9.000 pessoas por dia, o que representa seis novos pobres por minuto. O número de argentinos que estão abaixo da linha da pobreza também aumentou sob o comando de Macri, passando de 4,9% em 2015 para 7,7% em 2019.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec), o número de pobres na Argentina alcançou 35,4% da população, o maior número em 10 anos, e deve chegar a 39% até o final de 2019 após anos de desvalorização do peso durante a gestão Macri.
ELEIÇÕES NA ARGENTINA: COBERTURA COMPLETA
Após a vitória da chapa oposicionista nas eleições primárias realizadas em agosto, os mercados “se vingaram” de Mauricio Macri e o dólar no país disparou, chegando a subir mais de 33% um dia depois da votação. Dias depois, o governo de Macri, que chegou a culpar a vitória de Fernández pela crise, declarou moratória.
A inflação continuou a subir e atingiu o índice mais alto do ano neste mês de setembro. Segundo dados do Indec, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) acumulou uma alta de 37,7% desde o início de 2019. Já em 12 meses, o aumento foi de 53,5%.
O IPC de setembro já configura também em um dos mais altos índices da gestão Macri, ficando atrás apenas das cifras de setembro de 2018, que chegou em 6,5%, e abril de 2016, quando a inflação fechou em 6,7%. De acordo com o jornal Clarín, a inflação anual pode fechar entre 55% e 57%, cifra recorde nos últimos trinta anos.