A Seleção Brasileira quer avançar às oitavas de final da Copa do Mundo Feminina 2023 que acontece na Austrália e Nova Zelândia.
Para isso, o Brasil depende apenas de si: precisa vencer a Jamaica na última rodada do grupo F, em partida que será disputada na cidade australiana de Melbourne, às 7h (pela hora de Brasília) desta quarta-feira (02/08).
Derrotar as jamaicanas não é uma novidade para as brasileiras: na edição de 2019 do campeonato, a primeira rodada foi justamente entre os dois times, com Brasil superando as adversárias por 3×0.
As rivais do Brasil nesta última rodada da fase de grupos nasceram na terceira maior ilha do Mar do Caribe, localizada entre Cuba e as Ilhas Cayman, mas que não possui fronteiras terrestres com nenhum país.
A Jamaica não é tão conhecida por seu futebol, masculino ou feminino, e sim por ser o berço de figuras mundialmente conhecidas, como o músico Bob Marley e o velocista Usain Bolt.
Em 2021, o país ocupou a primeira posição no Relatório Mundial da Felicidade entre as nações caribenhas.
Descoberta, colonização e independência
Nos últimos 500 anos, a história do país foi marcada por luta e resistência contra as opressões do colonialismo, o genocídio dos povos indígenas e a escravidão sofrida pelos jamaicanos de origem africana.
A ilha foi ocupada inicialmente pelos povos indígenas taínos, oriundos da América do Sul. Esses primeiros habitantes chamavam a região de “Xaymaca”, que em idioma aruaque significa “terra da madeira e da água” ou a “terra dos mananciais”. Eles cultivaram o território e chegaram a constituir mais de 200 aldeias governadas por caciques. A região mais povoada era no Sul da ilha.
Após décadas de ocupação, os taínos foram exterminados pelos colonizadores que chegaram junto com Cristóvão Colombo: o navegador e explorador genovês desembarcou na Jamaica em 1494 e a reivindicou como parte da Espanha. A colonização da Jamaica pelos espanhóis teve início em 1510.
Muitos indígenas taínos resistiram à opressão da Espanha, que resultava em fome e infecção por doenças comuns na Europa, mas para as quais os nativos não estavam preparados. Em alguns casos, o suicídio era a última escolha, ao invés de servir como escravo.
Os espanhóis dominaram a Jamaica até 1655, quando as forças navais britânicas conquistaram a ilha e os expulsaram à força. Por 300 anos, a Coroa inglesa manteve a Jamaica sob o seu comando, por considerá-la um ponto estratégico para desafiar o domínio espanhol na região e prejudicar o comércio de ouro e prata.
Apesar de que alguns colonos ingleses que ocuparam a ilha eram proprietários de terras, também havia piratas que residiam e operavam na região com o consentimento da Coroa britânica.
Durante a transição de domínio aos britânicos, muitos escravos trazidos à força da África Ocidental conseguiram fugir para as regiões montanhosas da Jamaica, sendo os pioneiros na resistência à escravidão que ainda existia na ilha. Após quase 250 anos de rebelião e resistência, a escravidão foi abolida em 1838.
De luta em luta, a Jamaica conseguiu sua independência em 6 de agosto de 1962, estabelecendo a cidade de Kingston como sua capital.
Da cultura à política: influências dos antepassados
Em consequência da escravidão – que trouxe dezenas de milhares de pessoas da África Ocidental –, cerca de 90% da população da Jamaica é descendente de ex-escravos.
A composição étnica do povo jamaicano deixou fortes influências na música, dança, rituais religiosos, esporte, comida e no vestuário da sua sociedade, que são o legado dos que lutaram pela sobrevivência e resistiram aos colonos europeus.
Bob Marley Museum
Jamaica conquistou independência em 1962, após 300 anos de colonização britânica
Ao mesmo tempo que a cultura reivindica esse legado, a política jamaicana também tem sua origem nos antepassados. O país é uma democracia parlamentar, tendo o rei Carlos III como monarca e chefe de Estado da ilha caribenha. A figura do britânico é cerimonial, já que ele reside no Reino Unido e partilha a mesma posição com outros 15 países.
Com isso, quem de fato governa a Jamaica é o governador-geral, cargo ocupado atualmente por Patrick Allen. É ele quem aprova leis e desempenha o papel semelhante ao de um presidente. Além disso, a nação tem um sistema bipartidário, com o Partido Nacional do Povo (centro-esquerda social democrata) e o Partido Trabalhista Jamaicano (direita conservadora) alternando no poder com frequência.
Turismo, Bob Marley e Usain Bolt
A economia jamaicana se divide em algumas frentes: agricultura, mineração, manufatura e, claro, o turismo. É estimado que mais de um milhão de turistas visitam anualmente a ilha caribenha.
Um dos principais destinos do Caribe, a Jamaica se destaca pelas praias e belezas naturais. Inclusive, o país já foi cenário de diversas produções do cinema, incluindo o filme A Lagoa Azul, de 1980. O local, que leva o mesmo nome da obra fica na cidade turística de Port Antonio.
Mas não é somente o mar calmo e as águas cristalinas que chamam atenção na Jamaica, mas a música reggae e os esportes. Isso por que duas personalidades dessas áreas fizeram a ilha ficar mais conhecida mundialmente.
A música jamaicana é famosa no mundo inteiro graças ao reggae, gênero originado na ilha e que se internacionalizou nos anos 60, tendo como principal expoente o lendário Bob Marley, reverenciado até hoje como um dos maiores ícones da cultura do seu país.
O cantor e compositor nasceu em Nine Mile, uma vila situada na paróquia de Saint Ann, no Norte da ilha. O artista vendeu milhões de discos e até foi condecorado pelas Nações Unidas com a “Medalha da Paz do Terceiro Mundo”.
Marley foi um defensor das causas sociais e lutou contra o racismo, as desigualdades e a guerra. Devoto do movimento religioso rastafári – também surgido na Jamaica, no século XX – sua vida e obra foram influenciadas por sua fé e convicções. Lutando contra um câncer, Marley faleceu em 1981.
Outro jamaicano famoso no mundo inteiro é “Lightning Bolt”, apelido com o qual ficou conhecido o velocista Usain Bolt.
Nascido em Trelawny, no condado de Cornwall, no Noroeste do país, Bolt fez história no esporte ao conquistar oito medalhas de ouro em provas de velocidade nos Jogos Olímpicos, além de ter 10 medalhas de ouro no Mundial de Atletismo.
O ex-velocista jamaicano chamou atenção já nas primeiras provas juvenis que realizou, mas foi na Olímpiada de Pequim, em 2008, que ele quebrou o recorde mundial, fazendo os 100 metros rasos em 9,69 segundos.
A carreira de Bolt continou acumulando recordes até os Jogos de 2016, no Rio de Janeiro, e o Mundial de Atletismo de Londres, em 2017, as últimas grandes competições disputadas pelo astro jamaicano, que se aposentou aos 30 anos.